Borrell pede à Rússia para evitar "interferência externa negativa"
O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, pediu hoje à Rússia para evitar "interferência externa negativa" na crise política bielorrussa, insistindo que as eleições presidenciais no país "não foram livres nem justas".
© REUTERS/Francois Lenoir
Mundo Bielorrússia
Num comunicado hoje divulgado, o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) dá conta de uma chamada telefónica, realizada na quinta-feira, entre Josep Borrell e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, ocasião na qual o chefe da diplomacia europeia "voltou a expressar que a UE considera que as recentes eleições na Bielorrússia não foram livres nem justas, pelo que não reconhece os resultados".
"O Alto Representante salientou que a situação na Bielorrússia tem a máxima atenção da UE [...] e reiterou a necessidade de um diálogo nacional inclusivo na Bielorrússia que conduza a uma solução construtiva e pacífica no que diz respeito aos direitos fundamentais do povo bielorrusso", indica o SEAE.
Na chamada entre Bruxelas e Moscovo, Borrell sublinhou, assim, a Lavrov que "qualquer interferência externa negativa deve ser evitada", cabendo "ao povo bielorrusso determinar o futuro do seu país".
Salientando a "mensagem clara da UE de apoio à independência, soberania e escolha democrática do povo bielorrusso, bem como aos seus direitos e liberdades fundamentais", o chefe da diplomacia europeia disse ainda ao responsável diplomático russo que a União "está pronta a contribuir para os esforços no sentido de facilitar uma saída pacífica e construtiva para a crise".
"A este respeito, a UE apoia plenamente as propostas da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa para o diálogo na Bielorrússia e está disposta a prestar assistência para as promover, se necessário. Como membro, o Alto Representante esperava que a Rússia pudesse ter uma influência positiva no apoio a tais propostas", adianta o SEAE.
Recordado nesta chamada telefónica foi, ainda, que "a UE está a trabalhar em sanções contra os responsáveis pela violência, a repressão de protestos pacíficos, e a falsificação dos resultados eleitorais na Bielorrússia".
A crise na Bielorrússia foi desencadeada após as eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziu o presidente Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Os protestos têm sido duramente reprimidos pelas forças de segurança, com quase 7.000 pessoas detidas, dezenas de feridos e pelo menos três mortos.
Esta quarta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a UE está solidária com o povo da Bielorrússia e vai apoiá-lo, ao mesmo tempo que sancionará os responsáveis pela fraude nas eleições presidenciais e pela violência, pois "não aceita impunidade".
No final da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da UE realizada por videoconferência, Charles Michel disse em conferência de imprensa em Bruxelas que a mensagem "muito forte e unida" dos 27 para Minsk é "muito clara".
"A UE está solidária com o povo na Bielorrússia e não aceita a impunidade", pelo que vai adotar "em breve" sanções contra "um número substancial de indivíduos responsáveis pela violência, repressão e fraude eleitoral", vincou Charles Michel.
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