Irão alerta AIEA contra projeto de resolução sobre dossiê nuclear
O Irão alertou hoje que a resolução considerada pelo Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) chamando formalmente à ordem a República Islâmica porque recusa a inspeção de duas instalações é "absolutamente contraproducente".
© Reuters
Mundo AIEA
O embaixador iraniano junto das organizações internacionais em Viena, Kazem Gharib Abadi, considerou que "a apresentação desta resolução chamando o Irão a cooperar com a agência e a dar resposta positiva aos seus dois pedidos é dececionante e absolutamente contraproducente".
O Conselho dos Governadores da AIEA está reunido desde segunda-feira e debate nomeadamente uma proposta de resolução visando a República Islâmica, apresentada pela Alemanha, França e Reino Unido.
O texto chama a atenção do país para a sua obrigação de cooperar com a agência da ONU para o nuclear, quando o Irão recusa há alguns meses o acesso a duas instalações onde se suspeita que no passado se realizaram atividades nucleares não declaradas.
Numa declaração transmitida aos jornalistas, o representante iraniano adverte que se a resolução for aprovada, o seu país "não terá outra escolha que tomar as medidas apropriadas, cujas consequências serão suportadas pelos autores de tais abordagens políticas destrutivas".
A aprovação de uma resolução da AIEA criticando um dos seus membros é uma iniciativa rara. A última visando o Irão é de 2012. Nesta fase a adoção do texto será sobretudo simbólica, mas pode ser um sinal para a passagem do litígio para o Conselho de Segurança da ONU com capacidade para decidir sanções.
As presumíveis atividades nucleares cuja natureza a agência quer verificar teriam ocorrido há mais de 15 anos no Irão e nada indica que continuem ou constituam qualquer ameaça atualmente. Mas devido aos seus compromissos com a AIEA, o Irão tem de aceitar as inspeções pedidas.
O porta-voz do governo iraniano, Ali Rabiei, disse na segunda-feira que o Irão "sempre" esteve preparado para "facultar os acessos justificados à AIEA segundo os acordos vigentes".
Teerão considera que os inspetores da agência da ONU têm amplo acesso ao país e que o assunto relativo às instalações em causa foi resolvido no quadro do acordo nuclear de 2015 com as grandes potências, atribuindo os recentes pedidos da AIEA a alegações vindas dos serviços de informação de Israel.
Rabiei alertou contra a "politização" da agência, afirmando que "a utilização de critérios políticos na consideração dos deveres e direitos dos países na AIEA não terá outro resultado a não ser a quebra de confiança e o reforço da instabilidade a nível mundial".
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