ONG critica execução sumária de jihadistas por membros de Exército

A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch denunciou na sexta-feira a execução sumária de dois alegados combatentes do grupo 'jihadista' Boko Haram por parte de soldados nigerinos em maio, considerando que pode tratar-se de um crime de guerra.

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© REUTERS/Paul Carsten

Lusa
13/06/2020 07:01 ‧ 13/06/2020 por Lusa

Mundo

Níger

Em causa está um vídeo que circulou pelas redes sociais em maio e que mostrava dois homens a serem atropelados por dois veículos de combate.

"Este vídeo chocante mostra soldados do Níger em veículos armados a dispararem e a conduzirem sobre homens aparentemente desarmados e feridos", referiu o investigador da Human Rights Watch (HRW) Jonathan Pedneault, acrescentando que "este incidente horrível que envolve veículos de 10 toneladas exige uma investigação credível e imparcial com a responsabilidade devida".

A ONG de defesa dos direitos humanos referiu que "o Governo nigerino confirmou o incidente" que ocorreu durante "uma operação militar contra o Boko Haram em 11 de maio de 2020, a sul de Diffa, no sudeste do Níger, perto da fronteira com a Nigéria".

Dois dias depois, o Ministério da Defesa do Níger anunciou que tinha matado "25 terroristas" em Diffa, assim como "cerca de 50 inimigos" na região do Lago Chade, em duas operações da força regional de luta contra os 'jihadistas'.

Em 03 de maio, um ataque de grupo 'jihadista' na zona de Diffa provocou a morte de pelo menos dois soldados, sendo que o Exército nigerino tem sido alvo de ataques regulares nos últimos meses.

Nações Unidas e organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, acusaram recentemente os exércitos de Mali, Níger e Burkina Faso -- três países do Sahel fortemente afetados pela violência 'jihadista' nos últimos anos -- de cometerem crimes de guerra, nomeadamente contra civis, durante as suas operações de resposta.

De acordo com a ONU, Diffa alberga 300.000 refugiados e deslocados nigerianos, que abandonaram o seu país tentando fugir à violência do Boko Haram desde 2015.

Os países do Sahel enfrentam uma situação de deterioração da segurança, motivada pelo aumento da presença de grupos 'jihadistas', que tem levantado preocupação entre a comunidade internacional.

De acordo com a ONU, mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 em Burkina Faso, Mali e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.

Além de uma força conjunta do G5 Sahel, a região conta também com a operação Barkhane, uma missão das Forças Armadas francesas no Mali, com mais de 4.500 militares.

O Boko Haram foi criado em 2002 no nordeste da Nigéria por Mohameh Yusuf, após o abandono do norte do país pelas autoridades.

Inicialmente, os seus ataques eram dirigidos à polícia nigeriana, uma vez que representava o Estado, mas desde a morte de Yusuf, em 2009, o grupo passou a ter uma abordagem mais radical.

Desde então, o Boko Haram matou mais de 20.000 pessoas e as suas ofensivas provocaram aproximadamente dois milhões de deslocados, de acordo com as Nações Unidas.

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