O RDPC venceu os 13 assentos parlamentares dos 11 círculos eleitorais das regiões Noroeste e Sudoeste, aumentando a maioria parlamentar que já tinha, agora composta por 152 dos 180 lugares, segundo a agência noticiosa France-Presse.
Os resultados são o produto de uma repetição parcial das eleições legislativas nas regiões anglófonas, em 22 de março, depois de o Conselho Constitucional dos Camarões ter decidido, em 25 de fevereiro, cancelar a eleição dos deputados das duas regiões.
A decisão do conselho deu seguimento a queixas levantadas por vários partidos políticos sobre a forma como as eleições de 09 de fevereiro foram conduzidas nos 11 locais.
Entre as queixas, constava a distância que os eleitores tinham de percorrer até aos seus locais de voto.
Impulsionado por pressões externas e internas, Paul Biya, que preside ao país há 37 anos, organizou um diálogo nacional em outubro de 2019 para discutir a crise separatista, no qual se recomendou, entre outras medidas, o estabelecimento de uma maior autonomia para as regiões.
A crise das regiões anglófonas, que começou em 2016 com protestos pacíficos e a exigência de um uso mais igualitário do inglês nos tribunais e nas escolas, numa nação em que 80% da população é francófona, agudizou-se em finais de 2017.
Nesse ano, em resposta à repressão violenta do exército de uma comemoração de independência simbólica das regiões anglófonas, muitos grupos separatistas pegaram em armas para exigirem mais direitos.
O conflito nestas regiões, onde vivem três milhões de pessoas, causou cerca de três mil mortos, de acordo com o International Crisis Group, e provocou mais de 530 mil deslocados, segundo a agência das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários.
Os Camarões foram uma colónia britânica e francesa até 1960, ano em que o país conquistou a independência de ambas as potências e instituiu um estado federal. Em 1972 foi celebrado um referendo, que deu luz verde à unificação do país.