Os serviços de inteligência militares da Ucrânia dizem ter encontrado novas provas sobre o rapto e deportação de crianças ucranianas dos territórios ocupados por Moscovo.
Num comunicado, partilhado no site dos próprios serviços, a organização diz ter conseguido novas informações através de uma operação cibernética aos servidores da administração russa na Crimeia (região ucraniana, anexada pela Rússia em 2014).
Os documentos a que a inteligência ucraniana teve acesso terão confirmado o “deslocamento forçado” de crianças das regiões de Kherson, Zaporizhia, Donetsk e Luhansk, que atualmente se encontram ocupadas pela Rússia.
Em causa, estarão perfis pessoais das crianças alegadamente raptadas, moradas de realojamento, registo de crianças realojadas para regiões russas e até “alterações de custódia ilegais, que passam os cuidados das crianças para mãos russas”.
Os serviços de inteligência dizem que há milhares de documentos.
“Milhares de documentos com informação inestimável acerca de um dos maiores crimes de guerra da Federação Russa - o rapto de crianças ucranianas - já foram reencaminhados para as autoridades competentes”, afirmou o porta-voz dos serviços de inteligência militar da Ucrânia Andrii Yusov.
Quase 20 mil crianças foram raptadas, segundo a Ucrânia
No site oficial ucraniano ‘Filhos da Guerra’, onde o governo faz a atualização dos dados relativos a crianças durante o conflito, já foram contabilizados 19.546 jovens deportados e/ou deslocados à força.
Mas a administração ucraniana estima que os números reais sejam bem maiores, com diferentes organizações a falarem de valores entre as 150 e as 300 mil crianças deportadas.
Desde o início da guerra com a Rússia, em 2022, que Kyiv alega que Moscovo tem sistematicamente deportado crianças dos territórios ocupados. Até ao momento, a Ucrânia diz que menos de 1.500 regressaram a casa.
Em março de 2023 o Tribunal Internacional de Crimes de Guerra emitiu mandados de captura para o presidente a comissária das crianças russos, pelo papel que desempenharam nas deslocações ilegais de crianças.
O retorno destes jovens a casa permanece um dos pontos imutáveis das condições ucranianas para um acordo de cessar-fogo e de paz com a Rússia.
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