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Grécia tenta evitar que pandemia atinja refugiados mas não evacua campos

O Governo grego anunciou hoje medidas para conter o risco de propagação do coronavírus nos campos de refugiados das ilhas do Mar Egeu, mas não atendeu aos pedidos europeus para a retirada dos refugiados e requerentes de asilo.

Grécia tenta evitar que pandemia atinja refugiados mas não evacua campos
Notícias ao Minuto

17:24 - 27/03/20 por Lusa

Mundo Covid-19

O executivo conservador aprovou várias medidas que reforçam as restrições da liberdade de movimento dos requerentes de asilo, que abrange os que viram aceite o seu pedido de proteção internacional mas agora impedidos de sair dos campos até 31 de maio.

Foi ainda decidido instalar caixas multibanco nos campos, onde vivem em instalações superlotadas cerca de 40.000 pessoas, para que os requerentes de asilo possam retirar a sua ajuda mensal.

De acordo com a agência noticiosa Efe, não é precisado quanto tempo será necessário para instalação das caixas multibanco pelo que, na prática, estão suspensas as ajudas financeiras aos migrantes e requerentes de asilo.

Entre as medidas adotadas pelo Governo de Kyriakos Mitsotakis inclui-se a construção, com a ajuda do exército, de 12 zonas de reconhecimento médico nos campos de refugiados nas ilhas de Lesbos, Chios e Samos, e posteriormente mais duas em Kos e Leros.

O executivo também pretende disponibilizar locais especiais para cumprir a quarentena, no caso de existir contágio e evitar exposições desnecessárias, e ainda o estabelecimento de postos de venda no interior dos campos, onde os refugiados terão acesso a produtos de primeira necessidade através de fornecedores locais.

Apesar de estas medidas estarem em consonância com o confinamento obrigatório imposto no país desde segunda-feira, algumas contrariam frontalmente os pedidos de organizações não-governamentais (ONG) e de diversos eurodeputados, ao imporem mais restrições à liberdade de movimentos dos migrantes nos centros de acolhimento.

Mais de 20 organizações internacionais e de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW), pediram ao Governo grego medidas para "garantir as necessidades sanitárias dos requerentes de asilo", para além de sustentarem que qualquer restrição dos direitos dos migrantes por motivos de saúde pública ou emergência nacional deve ser efetuada "de acordo com a lei, de forma proporcionada e sem discriminação".

"Restringir milhares de mulheres, homens e crianças em campos gravemente superlotados, onde as condições de vida são inaceitáveis, torna impossível isolar as pessoas expostas ao covid-19 ou acatar as medidas mínimas de prevenção e proteção, incluindo lavar as mãos", denunciou Eva Cossé, investigadora para a Grécia da HRW.

A principal exigência desta ONG de direitos humanos consiste na retirada urgente das pessoas, em particular as que são consideradas população de risco.

Na passada segunda-feira, a Comissão de Liberdades Civis e Justiça e Assuntos internos do Parlamento Europeu, através de uma petição do comissário europeu de Gestão de Crises, Janez Lenarcic, exortou o executivo grego a promover uma retirada "preventiva e urgente" da população de risco que se encontra nos campos.

Os últimos dados fornecidos pelas autoridades de saúde indicam que existem na Grécia 892 pessoas infetadas como o novo coronavírus, com um total de 27 mortos.

Na segunda-feira, o Governo de Mitsotakis impôs o confinamento total para deslocações não justificadas, após quase uma semana de quarentena voluntária.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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