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Milhares de quenianos fazem fila para dizer último adeus ao ex-presidente

Milhares de quenianos fizeram hoje fila pelo segundo dia consecutivo para se despedirem do ex-presidente Daniel arap Moi, o chefe de Estado mais antigo do Quénia que morreu na terça-feira, aos 95 anos.

Milhares de quenianos fazem fila para dizer último adeus ao ex-presidente
Notícias ao Minuto

12:35 - 09/02/20 por Lusa

Mundo Quénia

O corpo do ex-chefe de Estado está em câmara ardente desde sábado no Parlamento, onde permanecerá até segunda-feira.

Moi será homenageado com um funeral de Estado, com honras civis e militares, na terça-feira no estádio nacional de Nyayo, em Nairobi, e o seu corpo será enterrado no dia seguinte em Kabarak, sua área de residência situada a cerca de 220 quilómetros a noroeste de Nairobi.

Coberto pela bandeira queniana, o caixão com o corpo do antigo presidente foi escoltado, no sábado, por motas da polícia militar até ao parlamento, onde cerca de 23.000 pessoas lhe prestaram homenagem, segundo uma fonte oficial que pediu anonimato.

Entre a multidão de quenianos que aguardava a sua chegada junto ao Parlamento, para prestar homenagem a "um respeitado ex-chefe de Estado", havia alguns que pretendiam testemunhar que o "homem que há muito temiam" tinha morrido, escreve a agência France-Presse.

"Ele era um bom líder", disse Magdalene Njoki, uma vendedora que se deslocou com os dois filhos de Thia, a 50 quilómetros de Nairobi, para agradecer ao estadista que tinha instituído a distribuição gratuita de leite na escola quando era criança.

Justin Otello, que também estava na fila para ver o corpo do ex-presidente, não tem a mesma memória: "Não acredito que o corpo ali sentado, imóvel, seja o do homem que aterrorizou todo o país".

Apesar de ter sido chamado de ditador pelos seus críticos, Moi contou com o forte apoio de muitos quenianos e foi visto como uma figura unificadora quando assumiu o poder, após a morte do primeiro presidente daquele país da África Oriental, Jomo Kenyatta, que esteve no cargo em 1978.

Alguns aliados de Kenyatta, quando este já estava doente, tentaram mudar a Constituição para evitar que Moi, então vice-Presidente, assumisse automaticamente o poder após a morte de Kenyatta.

Moi, cauteloso perante qualquer ameaça que pairasse sobre si naquele período incerto, fugiu de sua casa, em Rift Valley, mal soube da morte de Kenyatta, e voltou só quando obteve garantias sobre a sua segurança.

Em 1982, o Governo de Moi conseguiu fazer aprovar no parlamento uma emenda constitucional que tornou o Quénia efetivamente um Estado monopartidário.

No mesmo ano, mas mais tarde, o exército reprimiu uma tentativa de golpe planeada por membros da oposição e alguns oficiais da força aérea. Naquela altura, pelo menos 159 pessoas foram mortas.

O Governo do Moi tornou-se então mais repressivo com os dissidentes, de acordo com um relatório da Comissão de Justiça e Reconciliação da Verdade, que avaliou a sua governação.

Ativistas políticos e outros que ousaram opor-se ao Governo de Moi foram detidos e torturados, segundo o relatório, observando detenções ilegais e assassínios, incluindo o de um ministro dos Negócios estrangeiros, Robert Ouko.

Em 1991, Moi cedeu às exigências de um estado multipartidário devido a pressões internas.

As eleições multipartidárias de 1992 e 1997 foram marcadas pela violência política e étnica que os críticos afirmaram ser causada pelo Estado.

Quando Moi deixou o poder, em 2002, a corrupção tinha provocado uma recessão na economia do Quénia, a mais desenvolvida da África Oriental.

Moi culpou frequentemente o Ocidente pela má publicidade e pelas dificuldades económicas que muitos quenianos tiveram de suportar durante o seu governo.

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