A participação nesta manifestação de sexta-feira do 'Hirak' - o movimento inédito de contestação do regime da Argélia iniciado a 22 de fevereiro -- não foi possível quantificar, devido à ausência de uma contagem oficial, relatou um jornalista da France Presse (AFP) destacado no local.
Mas, segundo o repórter da AFP, a mobilização de hoje parece ser comparável à da marcha do passado 1 de novembro -- quando o protesto coincidiu com o 65.º aniversário do início da luta armada contra o colonizador francês e pela independência argelina --, mas também a algumas manifestações realizadas durante os meses de março, abril e maio.
Os manifestantes, entre os quais estavam muitas mulheres, batiam palmas e gritavam em uníssono várias frases contra a votação presidencial da próxima quinta-feira, mas também de incentivo à continuação dos protestos, que já vão na 42.ª sexta-feira consecutiva.
Depois de ter conseguido em abril passado a renúncia de Abdelaziz Bouteflika, que assumiu a Presidência argelina durante 20 anos, este movimento de contestação popular exige agora o total desmantelamento do "sistema" que está no poder desde a independência do país em 1962.
O movimento 'Hirak' acredita que as eleições de 12 de dezembro só vão permitir a regeneração desse mesmo "sistema".
"Não vou votar e no dia 8 de dezembro vou fechar a minha loja", diziam alguns manifestantes, numa referência à greve geral convocada através das redes sociais e que está prevista começar a partir de domingo.
"Gaid Salah, esqueça o voto!" foi outra das frases entoadas pelos manifestantes, que se dirigiam diretamente ao general e chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Ahmed Gaid Salah, atualmente o homem forte da Argélia após a renúncia de Bouteflika.
Numa intervenção feita hoje, a primeira realizada a uma sexta-feira desde o início do 'Hirak', o general Ahmed Gaid Salah falou de uma "etapa crucial e importante" a propósito das eleições presidenciais, acrescentando que o escrutínio será uma "festa eleitoral, na qual será realizada a vontade popular".
Cinco candidatos disputam as presidenciais na Argélia: três ocuparam altas funções na Frente de Libertação Nacional (FLN), que governa o país praticamente sem interrupção desde 1962, e os outros dois dirigem dois partidos que apoiaram Bouteflika durante a sua Presidência.