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Dezenas de espanhóis aguardam chegada dos restos mortais de Franco

Várias dezenas de espanhóis saudosistas do regime de Francisco Franco estão hoje concentrados a cerca de 200 metros do cemitério El Pardo-Mingorrubio, para onde serão trasladados os restos mortais do antigo ditador, impedidos pela polícia de se aproximarem.

Dezenas de espanhóis aguardam chegada dos restos mortais de Franco
Notícias ao Minuto

10:59 - 24/10/19 por Lusa

Mundo Franco

A exumação dos restos mortais de Franco já começou no Vale dos Caídos, a cerca de 70 quilómetros de Madrid, e o corpo será depois transportado para o cemitério de El Pardo-Mingorrubio.

As pessoas presentes no local carregam bandeiras espanholas, algumas estão envolvidas nelas ou mantêm-nas sobre os seus ombros.

A polícia espanhola montou um perímetro de 200 a 300 metros a volta do cemitério El Pardo-Mingorrubio, impedindo a aproximação das pessoas presentes no local.

Os presentes gritam várias vezes "Franco, Franco", dando vivas ao antigo ditador espanhol.

"É uma vergonha não nos deixarem aproximar de um político que nos salvou do comunismo e fez Espanha grande, ao contrário daquilo que é hoje", disse à Lusa Juan José, uma das pessoas concentradas nas imediações do cemitério.

Para prevenir eventuais desacatos, por risco "de elevados problemas de ordem pública", o Governo espanhol proibiu uma concentração patrocinada pela Fundação Francisco Franco, bem como pela Associação Raízes, que tinha apelado às pessoas para que se deslocassem ao cemitério de El Pardo-Mingorrubio.

"Não queremos nenhuma demonstração, queremos apenas despedir-nos de Franco e rezar por ele e não nos deixam aproximar", declarou Maria Isabel.

À medida que se aproxima a hora da chegada dos restos mortais, provavelmente por helicóptero, os franquistas estão a chegar cada vez mais nas imediações do cemitério, mas são mantidos longe pela polícia.

A exumação será feita no cumprimento da Lei da Memória Histórica, aprovada pelo Congresso em 2017, e de acordos adotados pelo Governo de Pedro Sánchez este ano.

O parlamento espanhol aprovou em setembro último a proposta do Governo socialista a autorizar a exumação dos restos mortais do ditador.

Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido desde 1938 o lugar de chefe de Estado, até morrer em 1975, ano em que se iniciou a transição do país para um sistema democrático.

O caixão com os restos mortais do ditador deixará a basílica do Vale dos Caídos aos ombros de alguns dos seus familiares, sem bandeiras nem honras militares e será, posteriormente, transferido, se o tempo o permitir, num helicóptero das Forças Armadas espanholas para o cemitério.

Segundo o dispositivo organizado pelo Governo espanhol, dentro da basílica, onde não poderão ser captadas imagens, só poderão estar os trabalhadores estritamente necessários para extrair a laje que cobre a tumba, de 1.500 quilos, um médico legista, a ministra da Justiça como notário superior do reino e responsável pela elaboração do registo da exumação, além de 22 familiares que demonstraram desejo de comparecer, entre netos e bisnetos do ditador.

Após um breve voo, que durará cerca de 10 minutos, no qual o caixão será acompanhado por um dos netos do ditador e pela ministra da Justiça, o helicóptero pousará num antigo heliporto da Guarda Real, muito perto do cemitério.

Em Mingorrubio será celebrada uma cerimónia religiosa só para a família, que estará a cargo do prior de Vale dos Caídos e de um padre, filho de Antonio Tejero, um guarda civil condenado pela tentativa de golpe de Estado de 23 de fevereiro de 1981, no parlamento espanhol.

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