China coloca no mercado reservas de carne suína para travar preço
O Governo chinês está a colocar no mercado carne de porco que mantém em reserva visando travar a subida dos preços causada pela peste suína, nas vésperas da comemoração do 70º aniversário da fundação da China comunista.
© Reuters
Mundo Carne
O preço da carne de porco, parte essencial da cozinha chinesa, subiu quase 50% em agosto passado, em termos homólogos, devido a um surto devastador da peste suína africana, que resultou no abate de mais de um milhão de porcos, segundo dados oficiais.
A agência do Governo que administra as reservas nacionais de carne de porco congelada anunciou que vai colocar 10.000 toneladas no mercado.
Aquela quantidade equivale a menos de 0,2% do consumo mensal no país, o que sugere que o anúncio visa mostrar a determinação de Pequim em combater o aumento do preço, ao invés de aumentar realmente a oferta no mercado.
A China produz e consome dois terços da carne de porco no mundo.
O Governo mantém reservas de porcos vivos e congelados para garantir o fornecimento, mas os detalhes sobre esta reserva são segredo de Estado.
Analistas consideram, no entanto, que a reserva é provavelmente muito pequena para compensar os efeitos da peste suína.
Em janeiro passado, o Governo libertou 9.600 toneladas para o mercado.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão máximo de planificação económica, prometeu hoje também tomar "medidas de controlo em tempo útil", para manter o preço dos alimentos estável, nas vésperas das comemorações do dia 1º de outubro.
O aumento dos preços tem um significado político amargo para o Partido Comunista, que aponta a melhoria dos padrões de vida nas últimas três décadas como fonte de legitimidade do seu poder indisputado.
Especialistas preveem que a China importará mais de dois milhões de toneladas de carne de porco este ano.
A peste suína africana não é transmissível aos seres humanos, mas é fatal para porcos e javalis. A atual onda de surtos começou na Geórgia, em 2007, e espalhou-se pela Europa do leste e Rússia, antes de chegar à China, em agosto passado.
Inicialmente, Pequim insistiu que estava tudo sob controlo, mas os surtos acabaram por se alastrar a todas as províncias do país.
As autoridades chinesas autorizaram, desde o final do ano passado, os matadouros portugueses Maporal, ICM Pork e Montalva a exportar para o país.
As estimativas iniciais apontavam que as exportações portuguesas para China se fixassem em 15.000 porcos por semana, movimentando, no total, 100 milhões de euros.
O acontecimento é visto pelos produtores portugueses como o "mais importante" acontecimento para a suinicultura nacional "nos últimos 40 anos".
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