O parlamento britânico reúne-se hoje para decidir se deve intervir para tentar evitar uma possível saída "sem acordo" da União Europeia (UE) dentro de apenas 58 dias. Recorde-se que o primeiro-ministro, Boris Johnson, tomou medidas para suspender o parlamento durante parte do período anterior ao prazo para concluir o Brexit, a 31 de outubro, dando aos deputados pouco tempo para apresentar legislação destinada a impedir uma saída desordenada.
Eis alguns dos cenários possíveis:
Um Brexit sem acordo
Se Londres e Bruxelas não chegarem a um acordo, por defeito o Reino Unido sai da UE na data prevista para 31 de outubro.
Temida pelo patronato, economistas e políticos, uma saída brusca poderá resultar na imposição de tarifas aduaneiras, bem como na escassez de alimentos, combustível e medicamentos.
O governo iniciou neste fim de semana uma vasta campanha de informação incentivando empresas e pessoas a "prepararem-se para o 'Brexit'".
Novo adiamento
Os parlamentares britânicos votam numa lei que obriga o governo a adiar mais uma vez a data de saída da UE, a fim de evitar um 'Brexit' sem acordo.
A oposição poderá beneficiar do apoio de deputados conservadores "rebeldes" para votar num projeto de lei nesse sentido, mesmo que o governo tenha ameaçado expulsar os conservadores tentados a fazê-lo.
Os deputados têm apenas alguns dias para legislar antes de o Parlamento ser suspenso na próxima semana até 14 de outubro.
A suspensão, decidida por Boris Johnson, provocou uma onda de indignação dos opositores a um 'Brexit' sem acordo.
Depois, será necessário que o governo cumpra a vontade do Parlamento.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou na segunda-feira que não pretende pedir um novo adiamento "em quaisquer circunstâncias".
Eleições antecipadas
A oposição, liderada pelo Partido Trabalhista, poderá aprovar uma moção de censura para derrubar o governo, cuja maioria absoluta na Câmara dos Comuns é apenas de um assento.
O primeiro-ministro também pode tentar desencadear a organização de eleições antecipadas na esperança de aumentar a maioria, embora o próprio tenha dito na segunda-feira que não deseja fazê-lo.
De acordo com a lei, precisa do apoio de dois terços de deputados, o que implica a ajuda do partido Trabalhista.
Uma hipótese sugerida por fonte não identificada do governo é que sejam convocadas para 14 de outubro.
Mas nada impede que Boris Johnson decida que a eleição ocorra após 31 de outubro, depois da saída do Reino Unido da UE, pois cabe ao primeiro-ministro escolher a data
De acordo com o ex-ministro da Justiça David Gauke, um conservador que se opõe à saída sem acordo, a estratégia do governo é "perder esta semana" no parlamento "e depois convocar eleições legislativas, eliminando aqueles que não são contra o 'Brexit', não contra uma saída da União Europeia, mas que consideram que [o Reino Unido] deve sair com um acordo".
Brexit com acordo
Londres e Bruxelas conseguem chegar a um entendimento sobre a questão crucial da fronteira na Irlanda do Norte e fechar um acordo de saída. Esta cláusula visa impedir o retorno a uma fronteira física com a República da Irlanda.
Mas o negociador da UE, Michel Barnier, excluiu no domingo renegociar a solução que Boris Johnson quer que seja removida.