Com o início das novas repatriações, agendadas para esta quinta-feira, a minoria étnica muçulmana rohingya nos campos situados no Bangladesh receia sofrer a mesma violência e opressão que a obrigou a fugir de Myanmar, alertou a Human Rights Watch (HRW).
As autoridades de Myanmar identificaram 3.454 pessoas para repatriar, de uma lista de 22 mil submetidas pelas autoridades do Bangladesh.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e as autoridades do Bangladesh deram conta de que estão a tentar confirmar se esses refugiados querem, de facto, regressar a Myanmar.
"Myanmar ainda não resolveu a questão da perseguição sistemática e da violência contra os rohingya, por isso os refugiados têm todos os motivos para temer pela sua segurança, caso regressem", disse a diretora da HRW no sul da Ásia, Meenakshi Ganguly.
"O Bangladesh tem sido generoso para com os rohingya - embora as condições nos campos sejam difíceis -, mas nenhum refugiado deve sentir-se compelido a regressar a um lugar que não é seguro", sustentou.
A maior parte dos refugiados, cerca de 740 mil, fugiu para o Bangladesh depois do exército de Myanmar ter iniciado uma grande ofensiva há dois anos, no norte do estado de Rakhine, no oeste do país, numa ação que a ONU classificou de "limpeza étnica" e "genocídio intencional".
Em novembro de 2018, uma primeira tentativa de repatriamento acordada entre o Bangladesh e Myanmar fracassou porque nenhum membro daquela minoria étnica quis regressar.
Myanmar não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera serem imigrantes bengalis, sujeitos a todos o tipo de discriminações há anos, incluindo restrições à liberdade de circulação.