Numa versão atualizada do chamado Plano de Ação de Contingência está a previsão de que até 55.000 empregos possam desaparecer na Irlanda se o Reino Unido deixar a União Europeia (UE) de forma desordenada.
O mesmo documento estima, nesta última análise, que tal cenário poderá ter um impacto de entre 0,5 e 1,5% no Produto Interno Bruto, custando à economia nacional cerca de 6.500 milhões de euros durante o primeiro ano.
"Um 'Brexit' sem acordo será um evento sem precedentes, trazendo com isso perturbações e impactos económicos negativos graves", avisa.
Sobre a Irlanda do Norte, considera que uma saída sem acordo traz "desafios políticos profundos e impactos sociais permanentes" e "corre o risco de prejudicar significativamente a comunidade em geral e as relações e estabilidade política na Irlanda do Norte com problemas de segurança".
A República da Irlanda é o único país com uma fronteira terrestre com o Reino Unido, na Irlanda do Norte, sendo uma das partes no processo político que colocou fim a um conflito sectário entre republicanos (católicos) e unionistas (protestantes) que durou cerca de três décadas e fez mais de 3.500 vítimas mortais.
Os acordos de paz preveem uma circulação livre de pessoas e mercadorias, compromissos que o acordo de saída negociado entre a primeira-ministra, Theresa May, e Bruxelas, pretendiam respeitar com uma solução designada por 'backstop'.
Porém, esta solução de último recurso, a aplicar apenas enquanto após o período de transição e enquanto não for concluído um acordo comercial, foi rejeitada por muitos deputados porque implicaria que a província britânica ficasse alinhada com as regras do mercado único para evitar a imposição de controlos alfandegários durante um tempo indeterminado.
Os dois candidatos à sucessão de Theresa May, Boris Johnson e Jeremy Hunt, admitiram sair da UE sem acordo a 31 de outubro, o prazo atual para finalizar o processo, se Bruxelas não aceitar renegociar a questão da Irlanda do Norte.