PR moçambicano responsabiliza banca por escassez de divisas

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, acusou a banca de "criar" escassez de divisas e transformá-la em "oportunidade de negócio", alertando que nunca faltou moeda estrangeira para distribuição de dividendos.

Mozambique President Daniel Chapo

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Lusa
15/07/2025 14:31 ‧ há 6 horas por Lusa

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Daniel Chapo

"Quando há escassez da moeda estrangeira, começa-se a transformar essa escassez em oportunidade de negócio. Isto acontece até nos bancos comerciais, [onde] vocês fazem negócio todos os dias. Não há uma verdadeira escassez [de divisas], é uma escassez criada", disse Daniel Chapo, num encontro com os empresários locais, na província de Sofala, centro de Moçambique, onde está em visita desde segunda-feira.

 

A Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, maior associação empresarial do país, alertou em 18 de fevereiro que a falta de divisas no mercado nos bancos estava a afetar as operações, sobretudo nos setores de saúde, aviação, combustíveis e importação de produtos alimentares.

Durante a reunião em Sofala, ouvindo as preocupações dos empresários locais, o Chapo alertou que, apesar da situação de escassez da moeda estrangeira no setor bancário, a mesma nunca faltou para "entregarem os dividendos entre eles" ou para "pagar salário a eles", questionando: "Alguma vez ouviu que faltou? Só vai faltar para Félix Machado [empresário local] quando quiser importar algum bem. Então, é realmente uma situação que temos de continuar a trabalhar para ultrapassar".

Chapo exigiu uma "política cambial transparente" ao banco central com vista à disponibilização das divisas aos empresários e "promover o desenvolvimento", evitando ser "guardião de escassez".

As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) moçambicanas renovaram máximos de quatro anos ao cresceram em maio para 3.825 milhões de dólares (3.270 milhões de euros), indicam dados do banco central noticiados esta semana pela Lusa.

Estas reservas - em moeda estrangeira - tinham registado em fevereiro o valor mais baixo em cerca de um ano, ao recuarem para 3.593 milhões de dólares (3.072 milhões de euros), antes de três subidas mensais consecutivas. Cresceram 1% durante o mês de março, para 3.619 milhões de dólares (3.094 milhões de euros), 4,3% em abril e mais 1,5% em maio, segundo o mais recente relatório estatístico do Banco de Moçambique.

Em maio, o montante de reservas internacionais cobria mais de três meses das necessidades estimadas de importações.

O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, reconheceu em 30 de maio que o país assistiu a uma "dolarização" da economia entre o final de 2024 e o início deste ano, na sequência da crise pós-eleitoral, nomeadamente na tentativa de retirada de divisas dos bancos.

"Hoje, olhando historicamente - no momento não estava claro que era isso -, certamente janeiro foi o momento mais difícil [...], direi, a partir do final do ano, dezembro, janeiro. Depois as coisas tranquilizaram", disse o governador, ao responder aos jornalistas no final da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO).

Zandamela foi questionado, nomeadamente, sobre a garantia que avançou no final de março, de suficiente liquidez no mercado de divisas, quando os empresários se queixavam da falta de acesso a moeda estrangeira para fazer importações, tendo o banco central, no mês seguinte, adotado normativos para facilitar o processo.

Disse ainda que a posição resultou da avaliação feita até então, tendo-se constatado, depois, a tentativa no mercado de "blindar-se com a 'dolarização' de ativos financeiros e não financeiros".

"É um problema também de confiança. Quando ela abala a confiança, vocês viram as viagens no exterior naquele período, viram muita gente sair do país. Uns perderam confiança no país, uns queriam vender tudo o que tinham e sair: 'Será que o nosso país tem futuro ou não?' Essa pressão não surpreende, isso aconteceu. Mas ninguém disse o que estava fazendo, e não iam dizer", afirmou.

Leia Também: Moçambique garante condições para retoma do megaprojeto da TotalEnergies

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