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"O pai tentou pô-la dentro da t-shirt para a corrente não a levar"

Fotojornalista que captou imagem de pai e filha afogados num rio na fronteira entre México e Estados Unidos fala sobre o momento em que encontrou os corpos.

Notícias ao Minuto

23:15 - 26/06/19 por Notícias Ao Minuto

Mundo Fotografia

�No domingo houve um alerta sobre uma mulher que estava desesperada ao pé do rio. Ouvimos o alerta e fomos até ao rio, onde ele estava aos gritos, que a corrente tinha-lhe levado a filha”, começa por explicar Julia Le Duc, a jornalista mexicana que captou, na segunda-feira passada, a fotografia dos cadáveres de um pai e da sua filha de 21 meses, na fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Óscar Alberto Martínez Ramírez, de 25 anos de idade, estava com a filha, Valéria, e com a mulher, Tania [ver galeria], a tentar chegar aos Estados Unidos para pedir asilo. A família, recorda a jornalista do ‘La Jornada’, da cidade mexicana de Matamoros, podia ter pedido asilo no México, onde estava há dois meses, mas a ideia era chegar aos Estados Unidos.

“Disse que tinham estado em Tapachula, no sul do México, e que tentaram pedir um visto humanitário [permitia-lhes ficar no México a trabalhar durante um ano] mas eles queriam o sonho americano – portanto apanharam o autocarro até à fronteira”, escreveu Julia Le Duc num artigo publicado no Guardian.

Quando chegaram à ponte que liga o México aos Estados Unidos, foram informados que a alfândega americana estava encerrada porque era fim de semana. Ao voltar para trás perceberam que talvez pudessem atravessar pelo rio. Pai e filha foram primeiro, mas acabaram por ser arrastados pela corrente. Os serviços de emergência foram chamados e foram feitas buscas pela noite dentro mas nunca os conseguiram encontrar.

“Na manhã seguinte continuaram as buscas, com a luz do dia, e por volta das 10h15 os bombeiros encontraram os dois corpos. Foi aí que tirei as fotografias, antes de vedarem o local”, recorda.

Julia Le Duc explica que é uma repórter de crime há muitos anos e que já viu muitos corpos, incluindo de afogamentos. “Fica-se anestesiado, mas quando se vê uma coisa assim a sensibilidade volta. Pode-se ver que o pai tentou pô-la dentro da sua t-shirt para a corrente não a levar. Ele tentou salvar a vida da filha”, indicou.

“Vai mudar alguma coisa? Devia. Estas famílias não têm nada e estão a arriscar tudo por uma vida melhor. Se cenas como esta não nos fazem repensar as coisas – se não movem os nossos legisladores – então a nossa sociedade está perdida”, alertou.

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