Avião com ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela chega a Roraima
Um primeiro avião com ajuda humanitária para a Venezuela chegou ao estado brasileiro de Roraima, de onde as autoridades pretendem transferir a carga no sábado, apesar do fecho da fronteira ordenado pelo governo de Nicolás Maduro.
© Reuters
Mundo América Latina
Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) aterrou ao final da manhã na base militar em Boa Vista com 22 toneladas de leite em pó e 500 kits de primeiros socorros, que incluem medicamentos e outros suprimentos médicos doados pelo Brasil.
Boa Vista, capital de Roraima, fica localizada a 220 quilómetros de Pacaraima, a última cidade brasileira na linha de fronteira com a Venezuela em que está a única passagem formal entre os dois países.
Esta fronteira foi fechada na noite de quinta-feira por decisão de Maduro, que rejeita a ajuda solicitada e obtida pela Assembleia Nacional da Venezuela.
Embora o encerramento da fronteira com o Brasil decretado por Maduro esteja em vigor, a embaixadora designada pelo autoproclamado Presidente da Venezuela interino Juan Guaidó junto ao Governo brasileiro, Maria Teresa Belandria, disse que "a operação continua" e que a ajuda humanitária será transferida no sábado para a Venezuela.
Tanto a diplomata, como o Governo brasileiro insistiram que esta carga será transportada "em camiões venezuelanos conduzidos por venezuelanos".
Em Pacaraima, a situação nesta sexta-feira é de relativa normalidade.
Veículos de imprensa brasileiros e fontes de organizações internacionais disseram que, embora a fronteira formal esteja fechada, muitos venezuelanos entraram em território brasileiro nas últimas horas por caminhos que atravessam áreas arborizadas, longe dos controlos oficiais.
Na quinta-feira, antes de a fronteira ser fechada, milhares de venezuelanos chegaram a Pacaraima para comprar comida, mas a maioria retornou ao seu país de origem no mesmo dia.
Roraima é o centro da Operação Acolhida que o Governo brasileiro lançou no ano passado para atender cerca de 70.000 venezuelanos que chegaram ao Brasil fugindo da crise económica, social e política da Venezuela.
Destes, cerca de 6.000 permanecem em Boa Vista, vivendo em abrigos instalados pelo Governo brasileiro em cooperação com agências humanitárias e agências das Nações Unidas.
A Operação Acolhida, no entanto, esclareceu que não participa em nada relacionado ao "corredor humanitário" que deve ser aberto até à Venezuela, que é de responsabilidade exclusiva do Governo brasileiro.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceu Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com