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Síria. Conselheiro de Trump debate em Ancara retirada e futuro dos curdos

O conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos chegou hoje a Ancara onde vai tentar obter garantias de que a Turquia não atacará os combatentes curdos sírios, condição para a retirada das tropas norte-americanas do nordeste da Síria.

Síria. Conselheiro de Trump debate em Ancara retirada e futuro dos curdos
Notícias ao Minuto

16:14 - 07/01/19 por Lusa

Mundo John Bolton

John Bolton vai manter conversações com o aliado da NATO relacionadas com a segurança dos curdos, que foram apoiados por militares dos EUA nos combates contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) na Síria, e os receios de um assalto militar da Turquia após a retirada norte-americana.

A visita surge um dia após Bolton ter referido que as garantias sobre a segurança dos curdos são uma "condição" para a retirada das cerca de 2.000 tropas especiais norte-americanas da região e ordenada pelo Presidente Donald Trump em dezembro, uma promessa que tinha efetuado há muito.

As conversações preveem-se conflituosas, pelo facto de a Turquia considerar as Unidades de Proteção do Povo (YPG, a milícia curda síria) um grupo terrorista com ligações à rebelião curda no interior das suas fronteiras promovida pelo ilegalizado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e ter ameaçado desencadear uma nova ofensiva contra estes grupos.

Bolton, que deve reunir-se na terça-feira com responsáveis oficiais, incluindo o Presidente Recep Tayyip Erdogan, já anunciou que os EUA vão opor-se a qualquer ação contra os seus aliados no combate ao EI.

"Não penso que os turcos pretendam desencadear uma ação militar que não seja totalmente coordenada e apoiada pelos Estados Unidos", disse Bolton no domingo. Trump já assinalou que não vai permitir que a Turquia ataque os curdos. "Foi o que o Presidente disse em relação aos que lutaram connosco".

Hoje, o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, respondeu a Bolton ao afirmar no Twitter que o combate da Turquia não é contra os curdos mas contra os rebeldes curdos e os militantes do EI que "ameaçam" os restantes grupos étnicos.

"O nosso combate é contra os terroristas do YPG, do PKK e do EI que são uma ameaça contra os nossos irmãos turcomanos, árabes e curdos e a todos os grupos étnicos e religiosos", disse.

O porta-voz presidencial da Turquia, com quem Bolton também se reúne na terça-feira, definiu como "irracionais" as alegações de que o seu país planeia atacar os curdos da Síria aliados dos EUA, e disse que a Turquia combate o terrorismo para garantir a segurança nacional.

"É óbvio que nenhuma organização terrorista pode ser aliada dos Estados Unidos", referiu Ibrahim Kalin no domingo, citado pela agência oficial Anadolu.

Bolton referiu que a proteção dos aliados dos EUA na Síria, incluindo o YPG, se incluem entre "os objetivos que pretendemos garantir e uma condição para a retirada" das forças norte-americanas.

O conselheiro para a Segurança Nacional de Trump também tem considerado a presença militar dos EUA como um meio de dissuasão do Irão, como ficou expresso nas declarações de Bolton durante o seu encontro de domingo, em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

"É necessário que a defesa de Israel e de outros amigos na região seja absolutamente assegurada" antes da retirada militar, disse Bolton em conferência de imprensa conjunta com Netanyahu, informado previamente por Trump sobre esta decisão.

O anúncio do Presidente norte-americano desagradou a Bolton, que considerava a presença norte-americana como um meio de dissuadir o Irão, a sua obsessão de longa data. E o secretário da Defesa, James Mattis, receava que uma saída antecipada criasse um vazio que poderia ser preenchido pelo EI, forçando Washington a deslocar-se de novo para o terreno e em piores condições. Decidiu demitir-se, acompanhado por Brett McGurk, representante dos EUA na coligação contra o EI.

Trump enfrentou críticas generalizadas dos aliados sobre a sua decisão, incluindo que estava a abandonar os curdos às ameaças turcas. Responsáveis oficiais preveem que, apesar de ainda não estarem finalizados diversos detalhes, a saída de todas as forças norte-americanas aconteça em meados de janeiro.

Na ocasião, Trump também disse que a Turquia vai combater as últimas posições do EI na Síria, mas no domingo Bolton assegurou que as tropas dos EUA vão "eliminar o que resta do EI" antes de abandonarem o nordeste da Síria.

Hoje, um responsável curdo assinalou que os curdos da Síria aguardam esclarecimentos dos Estados Unidos. Em declarações à agência Associated Press a partir do norte da Síria, Badran Jia Kurd disse que os curdos não foram informados de qualquer alteração da posição dos EUA e desconheciam os últimos comentários de Bolton.

Em paralelo, responsáveis curdos mantiveram conservações com Moscovo e com o governo do Presidente sírio Bashar al-Assad sobre medidas de proteção nas regiões que controlam junto à fronteira com a Turquia.

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