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Governo italiano cumpre 100 dias de funções com omnipresença de Salvini

O Governo de Itália completa sábado 100 dias em funções, período durante o qual Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e líder da extrema-direita italiana, se assumiu como o verdadeiro timoneiro deste executivo de contornos únicos na União Europeia (UE).

Governo italiano cumpre 100 dias de funções com omnipresença de Salvini
Notícias ao Minuto

16:22 - 07/09/18 por Lusa

Mundo Sábado

Nunca um país fundador da UE tinha sido liderado por um executivo populista, uma realidade que mudou a 1 de junho deste ano, quando uma coligação governamental formada por uma força antissistema, o Movimento 5 Estrelas (M5S, populista) de Luigi di Maio, e um partido de extrema-direita, a Liga de Matteo Salvini, tomou posse.

O nome escolhido para liderar este executivo, após uma primeira renúncia, foi Giuseppe Conte, um jurista especializado em direito civil e administrativo sem passado político, descrito como uma figura discreta.

Perfil que contrasta com a presença omnipresente de Salvini, que também assume o cargo de ministro do Interior, em quase todas as situações políticas do país.

Com cerca de 17% dos votos nas eleições legislativas de março último, a Liga de Salvini parecia destinada a desempenhar funções de apoio no executivo italiano, já que o parceiro de coligação, o M5S, tinha sido a força política mais votada, com cerca de 32%.

Mas o mediático líder da extrema-direita italiana conseguiu impor-se nas negociações sobre o programa e a composição do Governo, bem como promover e colocar em prática a sua agenda anti-imigração.

"Estes primeiros 100 dias parecem mais marcar o fim da campanha eleitoral do que o lançamento de um novo Governo", referiu Sergio Fabbrini, professor de Ciências Políticas na Universidade Luiss em Roma, em declarações à agência noticiosa francesa France-Presse (AFP).

Cerca de 10 dias depois de ter chegado ao Ministério do Interior, Salvini pôs em prática a sua promessa de bloquear os portos italianos aos migrantes.

A primeira crise aconteceu com o navio humanitário Aquarius, operado pelas organizações não-governamentais SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras e que tinha a bordo mais de 600 migrantes.

Os resgatados, recusados por Itália e Malta, acabaram por desembarcar em meados de junho no porto espanhol de Valência.

O episódio suscitou uma crise diplomática entre França e Itália, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, a criticar o "cinismo e a irresponsabilidade" de Itália, por ter recusado o desembarque dos migrantes.

A situação seria resolvida com um encontro entre Giuseppe Conte e o seu "amigo" Macron. Será um dos raros atos de independência do chefe do Governo italiano.

Durante os últimos 100 dias, Salvini, de 45 anos, tem vindo gradualmente a conquistar terreno, insistindo nas questões migratórias associadas a um sentimento de insegurança e a um crescente euroceticismo dos italianos.

Após cerca de 60 sessões em todo o país desde junho, dezenas de mensagens e vídeos nas redes sociais, a mensagem de Salvini parece estar a dar frutos.

Mais de 60% dos italianos aprovam a "linha dura" do novo Governo ao nível das questões migratórias e a Liga, segundo as mais recentes sondagens, reúne mais de 30% das intenções de voto, à frente do M5S.

O líder do M5S e também vice-primeiro-ministro do executivo de Roma, Luigi di Maio, de 31 anos, procurou este verão recuperar algum protagonismo político e lançou duros ataques contra a Europa durante outra crise com outro navio com migrantes.

"A União Europeia decidiu virar as costas a Itália uma vez mais", declarou o também ministro do Desenvolvimento Económico e do Trabalho, em finais de agosto, ameaçando, na mesma ocasião, reduzir os fundos italianos ao bloco comunitário.

Durante os últimos 100 dias, a coligação governamental M5S/Liga tem aplicado políticas que a diferencia do anterior executivo liderado pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda).

Entre outras medidas, congelou a possível venda da companhia aérea italiana Alitalia, promoveu o chamado "decreto dignidade" contra a deslocalização de empresas e a precariedade laboral e introduziu as pistolas elétricas (tasers) nas forças de segurança em 12 cidades italianas.

As duas forças enfrentam agora o seu maior desafio com a preparação do orçamento para 2019, uma vez que vai refletir o rumo do executivo para o próximo ano, os seus objetivos e as medidas macroeconómicas que vai promover para alcançá-los.

Em reação à descida da perspetiva da dívida italiana por parte de uma agência de "rating", Luigi di Maio afirmou recentemente que a prioridade serão sempre os italianos.

"Não podemos pensar em ouvir as agências de 'rating' e tranquilizar os mercados, e depois esfaquear os italianos pelas costas. (...). Vamos sempre escolher primeiro os italianos", disse o responsável.

Ao longo destes 100 dias, o Conselho de Ministros italiano reuniu-se 17 vezes, duas delas de forma extraordinária em Génova, cidade portuária no noroeste de Itália, após a queda trágica de um troço de uma ponte que provocou 43 mortos em agosto passado.

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