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Os gritos, apitos e a "Grândola" de Merkel em Potsdam

Angela Merkel conheceu hoje a sua "Grândola": os gritos e apitos de um grupo de jovens opositores tentaram abafar a voz da chanceler alemã num comício de campanha eleitoral nos arredores de Berlim.

Os gritos, apitos e a "Grândola" de Merkel em Potsdam
Notícias ao Minuto

21:36 - 16/09/13 por Lusa

Mundo Eleições

"Posso ir a Portugal ou à Grécia e as pessoas protestam porque temos liberdade de movimentos, liberdade de expressão e liberdade religiosa, é essa a democracia europeia de que nos orgulhamos", respondeu a chanceler, que procura um terceiro mandato nas eleições legislativas do próximo dia 22.

Ao salientar aqueles valores, Angela Merkel advogou a solidariedade entre os povos europeus, mas de uma forma que torne a Europa "mais forte", defendendo implicitamente a política de austeridade que tem recomendado e pela qual é criticada nos países em crise.

Embora não tenha conseguido interromper o discurso, como várias vezes aconteceu em Portugal a membros do Governo que se confrontaram com manifestantes a cantar "Grândola Vila Morena" em aparições públicas de ministros, os apitos fizeram-se ouvir durante praticamente toda a intervenção, que durou cerca de 45 minutos.

Em declarações à agência Lusa, um dos jovens que encabeçou o protesto, que não se quis identificar, afirmou que "a política de que Angela Merkel fala e aquela que pratica são completamente diferentes".

"O que ela faz não tem nada de social, é tudo virado para a economia. "Nem todos os alemães são como ela, é isso que queremos mostrar aos povos da Grécia e de Portugal", acrescentou.

O jovem estudante admitiu que a sua posição é minoritária e "não se vai refletir" na votação de domingo, mas contrapôs que "30 ou 40 por cento das pessoas até podem votar em Angela Merkel, mas só 50 % dos eleitores é que vão às urnas".

Com cartazes em que se liam mensagens como "contra a homofobia" e "Energia atómica não, obrigado", o grupo de manifestantes preferiu cantar a Internacional enquanto no palco montado pelos democratas-cristãos, Merkel cantava o hino nacional alemão, com os outros candidatos por Potsdam, uma localidade com 160 mil habitantes a cerca de 30 quilómetros do centro da capital alemã, Berlim.

Para entrar no perímetro vedado da Bassinplatz, junto à imponente igreja de São Paulo, os sacos eram revistados pela segurança da CDU sob o olhar de vários agentes da polícia.

A chanceler, que acusou no discurso algum cansaço, com falhas na voz e algumas hesitações, acusou o toque do barulho que procurou sobrepor-se à sua voz, referindo-se aos "anormais" responsáveis pelo protesto.

Nicklas Nieder, um jovem apoiante de Angela Merkel, disse à agência Lusa que "protestar é normal", mas criticou a forma escolhida pelos "esquerdistas e comunistas que têm problemas com a opinião dos outros", referindo que "não é bonito querer calar a voz das pessoas".

No fim de um dia chuvoso, o tempo ajudou a festa da CDU em Potsdam, com céu limpo a ajudar a que muitas centenas de pessoas tivessem ido ouvir Angela Merkel.

Ruben Salomon, soldado nas Forças Armadas alemãs, declarou Lusa que a sua principal preocupação para o futuro do país é "a educação, porque se não houver um investimento aí, estraga-se o futuro".

Em relação à política europeia, afirmou que os países da União têm que "manter-se unidos" e ajudar-se "quando as coisas não vão bem para algum deles".

A Grécia, o país que está há mais tempo sob resgate financeiro, "ajudou a Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial", indicou.

"Angie", o nome carinhoso que os apoiantes da chanceler lhe chamam, lia-se em muitos cartazes espalhados pela audiência.

Mas Angela Merkel não falou só para convertidos: durante todo o discurso, no centro do recinto, um homem erguia o seu "Angie", mas rasgado em dois.

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