A proposta foi recusada de forma clara, com 75 por cento de votos contra, segundo as últimas previsões oficiais, noticia a agência de notícias espanhola Efe.
A iniciativa implicava uma reforma radical do atual sistema monetário suíço, em que o BNS emite notas e moedas que representam apenas 10% da massa monetária em circulação.
O restante dinheiro designa-se como "escritural", já que existe apenas a nível contabilístico e de forma eletrónica numa conta bancária.
Os bancos comerciais vão criando esse dinheiro através dos créditos que aprovam, quer a empresas, quer a particulares, em vez de utilizarem o dinheiro dos depósitos.
O referendo tinha sido proposto por um comité que incluía personalidades de diferentes formações - economistas, especialistas financeiros, docentes e grupos sindicais -, que conseguiu reunir as 100.000 assinaturas necessárias para que fosse convocado.
Os defensores da iniciativa pretendiam acabar com o sistema existente, substituindo-o por outro que, defendiam, protege melhor o dinheiro dos clientes dos bancos e previne novas crises financeiras.
Face ao fracasso do referendo, um dos coordenadores nacionais da campanha pelo "Sim", Jean-Marc Heim, considerou que apesar da derrota a iniciativa permitiu generalizar um amplo debate e "despertar consciências" na população sobre o poder que os bancos comerciais têm graças à capacidade de fabricarem moeda.
"Não abandonaremos o combate", assegurou, acrescentando que os que lideraram o referendo sobre este tema continuarão a trabalhar por uma reforma do sistema bancário e pela regulamentação das criptomoedas.
No que respeita aos defensores do "Não", a iniciativa aglutinou amplos setores políticos e económicos, que consideravam que a iniciativa enfraquecia os bancos e acarretava custos suplementares que acabariam por ser pagos pelos clientes.
Sustentavam ainda que dar capacidade plena e exclusiva de produção de moeda ao Banco Nacional da Suíça ameaçava a independência da instituição.
Para o deputado de direita liberal-radical Olivier Feller (PLR/VD), copresidente do comité contra o referendo, o "povo não quis que a Suíça se convertesse num laboratório de experiências em matéria de política monetária".
O Governo suíço opôs-se, desde o início, a esta mudança pelo impacto que tinha na atividade comercial dos bancos, um setor do qual dependem 5,6% do emprego e 9,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.