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São primas, mas criar uma geração mais saudável foi o que as uniu

A saúde dos filhos começa à mesa dos pais. É este o lema que une Luísa Fortes da Cunha e Raquel Fortes, duas primas que partilham o gosto pela alimentação saudável e que querem contribuir para um país mais saudável. E o primeiro passo foi dado com uma série de workshops, seguiu-se um livro e, agora, idas às escolas.

São primas, mas criar uma geração mais saudável foi o que as uniu
Notícias ao Minuto

08:37 - 10/09/17 por Daniela Costa Teixeira

Lifestyle Entrevista

Se nos dias de hoje é fácil 'tropeçar' num sem fim de dicas, conselhos e estudos científicos sobre mudanças alimentares, há uns anos a história era bem diferente. A imprensa e a blogosfera não estavam (ainda) para aí viradas e a pesquisa por temas como a alimentação saudável era mais complexa.

Foi nessa aventura pelo curioso mundo da alimentação amiga da saúde que, há cerca de quatro anos, Raquel criou o seu blogue It's Up To You, uma página online que marcava um novo 'capítulo' na sua vida. Passados 15 anos no mundo do marketing e da publicidade, Raquel mergulhava não só num novo estilo de vida, como também, depois, num mestrado em Nutrição Clínica.

O objetivo de Raquel era descobrir alternativas alimentares que fossem benéficas para si e para a sua família, tendo encontrado no perfil privado de Luísa, professora de Educação Física, as respostas às dúvidas que tinha.

O gosto e a curiosidade por um tema comum, a alimentação saudável para toda a família, levou Raquel Fortes e Luísa Fortes da Cunha a entrarem em contacto online e, acaso dos acasos, descobrirem com o tempo que o interesse que partilhavam não era o único aspeto que as unia... o nome e a família também.

Entre conversas e trocas de conselhos alimentares, eis que surge o primeiro encontro físico entre as duas (recém descobertas) primas: a participação de Luísa num workshop de fotografia e comida criado por Raquel em parceria com a food stylist Samantha McMurray, o #instafood (agora Style Up Your Food).

O passo estava dado e Luísa cria o seu blogue 'My Casual Brunch', onde passa a colocar as suas receitas, dicas e conselhos alimentares. O feedback por parte dos leitores foi de tal forma positivo que o convite para lançar um livro não tardou a chegar. Nessa altura, já Luísa e Raquel uniam forças por um país mais saudável através de workshops destinados a toda a família.

"Estava em Macau quando a editora me fez a proposta, mas pensei logo que não fazia sentido fazer isto sozinha", conta-nos Luísa. E foi assim que os workshops saltaram para um livro. 'Crianças Saudáveis, Famílias Felizes - A saúde dos filhos começa à mesa dos pais' foi editado este ano pela Lua de Papel.

Notícias ao Minuto'Crianças Saudáveis, Famílias Felizes - A saúde dos filhos começa à mesa dos pais' © Lua de Papel

Um livro de hoje para resolver um problema de ontem

Formada em Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana, Luísa sempre viveu de perto uma das epidemias dos tempos modernos: a obesidade infantil. "Para mim, a obesidade infantil é um flagelo nas escolas e uma das coisas que vejo há anos, especialmente entre os adolescentes, é a facilidade de sair do estabelecimento e ir a um café. Muitos miúdos chegam à escola sem tomar o pequeno-almoço, o que é um hábito horrível, chegam às aulas com sono e sem atenção porque não têm energia e no intervalo da primeira aula invadem do bar ou saem da escola e trazem do café um triângulo de pizza, um Bollycao, um pacote de batatas fritas, uma sandes cheia de gordura. É isto o pequeno-almoço dos nossos miúdos e quero mudar isso", diz-nos Luísa.

E as alternativas saudáveis são bem mais simples do que pensamos. No livro, as duas autoras apresentam uma série de receitas práticas e "sem ingredientes estranhos", que tanto podem fazer parte da marmita dos miúdos, como dos graúdos. "Eu sou conhecida como a mãezinha das cenouras lá da escola", brinca Raquel.

Mas é fácil incentivar os mais novos a levar comida 'diferente' de casa? Nem sempre, mas, refere Raquel, "o importante é que as crianças não se sintam diferentes [por levar refeições saudáveis de casa], ou se se sentirem diferentes, que se sintam especiais no bom sentido", até porque, destaca, "se as crianças gostarem do que comem vão ser uns bons influenciadores para os outros".

Além das receitas - parte prática fundamental para uma mudança de alimentação - o livro conta com alguns alertas sobre o impacto das más escolhas, conselhos e dicas para mudar o estilo alimentar de uma forma gradual e saudável e ainda com afirmações de como é fácil dizer 'não' aos alimentos maus, substituindo-os por bons, e criar refeições nutritivas, saborosas e que encham as medidas de miúdos e graúdos. O objetivo é claro: não haver desculpa para uma família (e geração) mais saudável.

"Este livro tem como objetivo tentar que, nas famílias, não haja desculpas. Podemos tentar começar por fazer um pequeno-almoço saudável e que não dê muito trabalho. Não há desculpa para sair de casa sem tomar o pequeno-almoço", frisa Luísa, destacando que começou o seu blogue com uma receita simples e que promete facilitar a vida de muitas famílias: as overnight oats (papas de aveia feitas na noite anterior). 

Da teoria à prática... nas escolas

"Não é nenhum mar de rosas entrar neste caminho da alimentação saudável porque as escolas não estão preparadas para tal", alerta Raquel. "Se num dia nos esquecemos ou não temos nada em casa, sabemos que vai ser a desgraça na escola. Essa segurança e esse conforto não existem", salienta.

Das más opções nos bares, à facilidade que os mais novos têm em obter alimentos fora da escola, passando, claro, pela tendência para olhar para a magreza como um problema e não encarar a gordura em excesso da mesma forma, são vários os aspetos no seio escolar que continuam a não funcionar em prol da boa alimentação e saúde dos mais novos.

Segundo Luísa, são os professores de Educação Física que acabam por ter um "papel" determinante na análise da condição de um aluno. "São os professores de Educação Física que vêm a mobilidade dos miúdos, que percebem quando se cansam mais, quando sofrem bullying e são os últimos escolhidos para as equipas". Na prática, frisa, são os professores de Educação Física e também de Ciências (onde o tema da alimentação é abordado) que falam com os miúdos e tentam mudar as coisas. "Muitas vezes até falamos com os pais e com os alunos e é por aí que temos de fazer a mudança, tentando ser incisivos na forma de ensinar", frisa.

Apesar de o cenário continuar mais turvo do que o desejado, pequenas mudanças têm sido feitas a nível nacional e Raquel e Luísa querem também contribuir para isso. As duas autoras vão começar já este mês a visitar várias escolas e levar os seus workshops a alunos e professores.

"A nossa intenção é essa mesmo, ir às escolas, ensinar e tentar mudar os hábitos nas escolas, conseguir cada vez mais aliados", conclui Luísa.

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