Falar em nutrição nos dias de hoje implica quase sempre falar em superalimentos, isto é, em alimentos que, mesmo em pequenas quantidades, oferecem um vasto leque de nutrientes e são, por isso, importantes benefícios para a saúde.
Entre os superalimentos da moda estão alguns ainda pouco conhecidos - como a maca, a spirulina, o matcha e a clorela -, mas também alguns bens comuns na alimentação diária, como é o caso do vinho tinto e do vinagre de sidra. Mas serão os superalimentos assim tão super ou apenas uma estratégia de marketing ou mais uma moda alimentar?
A questão é colocada pelo site Mind Body Green, que deixa de parte os alimentos com nomes 'estranhos' e foca as atenções em alimentos mais comuns que agora viraram 'estrelas' um pouco por todo o mundo... mas que, afinal, não merecem tal estatuto. Vejamos três que são bem comuns na casa dos portugueses.
Comecemos pelo vinho tinto, o elixir de Baco que tem propriedades benéficas para a saúde... mas que está longe de ser super por causa disso. Recorrendo a vários estudos sobre esta bebida, a publicação destaca que apenas é possível obter todos os benefícios do resveratol (que existem, como é o caso aumento do colesterol bom, queda do mau e redução do risco cardiovascular) se forem ingeridas grandes quantidades de vinho tinto por dia. Além disso, o vinho tinto é uma bebida calórica e para que seja de qualidade é preciso que a produção seja a melhor, o que fica caro e faz com que o preço por unidade não esteja ao alcance de todos. Resultado? Compra-se vinho menos bom que aposta no açúcar para obter o melhor sabor.
Também o vinagre de sidra não é assim tão fantástico como as pessoas acreditam. Apesar de ser detentor de um sem fim de benefícios (onde se inclui a capacidade de combater a gordura acumulada), a publicação destaca que são já vários os estudos que apontam para a pobreza nutricional dos vinagres produzidos industrialmente, que são os mais comummente comprados e que tendem a ter menos propriedades benéficas do que aqueles que são oriundos de produções orgânicas.
Em voga nos dias de hoje, também o óleo de coco pode ser um bom alimento, mas não um superalimento. Aqui, a justificação prende-se ao facto de se tratar de um alimento com alto teor de gordura saturada, que não deixa de ser uma gordura má para a saúde, mesmo tratando-se de um produto de origem vegetal e muitas vezes de produção biológica. O óleo de coco tornou-se popular nos dias de hoje, mas a verdade é que não consegue fazer frente ao merecido estatuto de melhor gordura que o azeite conseguiu alcançar.
Menos comuns na alimentação portuguesa - pelo menos até este 'boom' de nutrição -, também a quinoa e as bagas de goji parecem estar a usufruir de um estatuto que não lhes é merecido, tal como acontece com os iogurtes e as claras de ovo.
Todos estes alimentos são, de facto, benéficos para a saúde quando consumidos com a devida moderação, no entanto, acreditar nos seus superpoderes pode levar a uma ingestão excessiva dos mesmos, algo que não só deita por terra toda e qualquer capacidade benéfica, como pode mesmo dar origem a problemas de saúde.