Sabia que em Portugal quase metade da população apresenta excesso de peso e cerca de 1,4 milhões de adultos são considerados obesos? Isto faz com que Portugal seja um dos países com a maior taxa de obesidade da União Europeia, ficando em 15.º lugar e um pouco acima da média europeia.
E que em termos mundiais, em 2014, 1,9 mil milhões de adultos tinham excesso de peso e desses 600 milhões eram considerados obesos? Ou que, no mesmo ano, 41 milhões de crianças com menos de cinco anos já tinham excesso de peso ou eram obesas?
Estes são apenas alguns dos dados mais recentes sobre aquela que já é considerada pela Organização Mundial de Saúde a pandemia do século XXI: a obesidade.
É de sublinhar que a obesidade é reconhecida por organizações nacionais e internacionais como doença, sendo que se trata de uma doença crónica, complexa, multifatorial, que consiste na “acumulação excessiva de gordura prejudicial para a saúde”, segundo a definição oficial.
Sendo o peso classificado normal em pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) entre os 18,5 e os 25, a partir dos 25 e até aos 30 considera-se que há excesso de peso e a partir de um IMC de 30 que há obesidade – sendo que de 30 a 35 é uma obesidade de classe I, de 35 a 40 de classe II e a partir de 40, uma obesidade de classe III.
Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, comenta que apesar de a obesidade se dever a múltiplos fatores, a má alimentação (calórica e pouco nutritiva), o sedentarismo e a falta de exercício físico são as principais causas que estão a levar tantos portugueses ao excesso de peso e à obesidade. E sublinha: “Somos os campeões do sedentarismo.”
A responsável diz que a própria crise também pode explicar o aumento da obesidade nos últimos anos, sendo que neste período as mulheres ultrapassaram os homens, coisa que no passado não acontecia.
Esta é uma doença com sérios impactos no doente e na sociedade, sendo que o excesso de peso e a obesidade são apontadas como responsáveis por: 80% dos casos de diabetes tipo 2; 35% dos casos de doença isquémica cardíaca; 55% dos casos de hipertensão; 1 milhão de mortes por ano e 12 milhões de novos casos de doença por ano.
A obesidade tem ainda um grande impacto económico a nível mundial, ocupando o top 3 das dos maiores fardos económicos, logo abaixo do tabagismo e da guerra/terrorismo e acima do alcoolismo, da iliteracia e das alterações climáticas.
Segundo os dados de 2002, os custos totais diretos da obesidade fixavam-se na ordem dos 297 milhões de euros (2,5% das despesas em saúde), fazendo com que cada pessoa obesa custasse 334 euros em comparação com o custo de 61 euros por pessoa ativa. Em Portugal os custos indiretos da obesidade correspondem a 1,7% das despesas em saúde.