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Sexo na gravidez: Pode ou não? Especialista responde

Em busca de respostas, o Lifestyle ao Minuto falou com Carmen Silva, especialista em psicologia perinatal e profissional da iniciativa Conversas com Barriguinhas. A responsável esclarece as principais dúvidas sobre relações sexuais durante a gestação.

Sexo na gravidez: Pode ou não? Especialista responde
Notícias ao Minuto

14:55 - 14/02/23 por Ana Rita Rebelo

Lifestyle Entrevista

Pouco se fala de sexo quando o tema é gravidez. Uns encaram com normalidade, outros sentem receio, outros ainda, talvez, repulsa. Mas a verdade é que continuam a ser muitos os casais que, ao longo de nove meses, evitam ter relações sexuais. Porém, ao contrário do que se poderia pensar, as relações sexuais durante a gravidez são permitidas e até aconselhadas por alguns médicos, pois além de promoverem a intimidade do casal, podem ajudar a ter um parto menos difícil e ser benéficas para a recuperação do pós-parto.

"Ainda existem algumas crenças de que o bebé está a ver e a sentir tudo o que acontece quando o casal tem relações sexuais, quase como se fosse um espectador. Isto desencadeia alguma culpa nos pais." No entanto, "não há motivo para os casais não manterem relações sexuais, desde que seja prazeroso e confortável para ambos", defende em entrevista ao Lifestyle ao Minuto a psicóloga Cármen da Silva, profissional das Conversas com Barriguinhas (uma iniciativa que reúne todas as semanas especialistas em saúde materna e obstetrícia em sessões online e presenciais gratuitas).

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O sexo na gravidez ainda é um tema tabu para casais?

Sim. Mas, felizmente, a comunicação social e os cursos de preparação para o parto começam a abordar estas questões de forma mais frequente e sem inibições, o que ajuda a esclarecer alguns preconceitos e mitos.

O que mais questionam mulheres e homens? 

Uma das preocupações mais trazida pelas mulheres em consultório prende-se com a falta de libido [desejo sexual]. Há uma procura de validação para a ausência de desejo sexual. Muitas vezes a mulher até precisa de ajuda na comunicação com o parceiro. Sabemos que o primeiro trimestre pode ser marcado por enjoos e sonolência, o que deixa a mulher muito menos disponível. No segundo trimestre, a barreira do mal-estar não é tão acentuada, então é um período descrito como mais tranquilo  e com alguma normalidade, mas no terceiro trimestre a libido volta a diminuir, decorrente do desconforto físico da mulher, e também da ansiedade com o parto e o puerpério. É fundamental compreender e respeitar o ritmo e os limites da mulher. Os homens tendencialmente mostram preocupação com a segurança do bebé e da mulher durante o sexo penetrativo.

O bebé está muito bem protegido, com uma série de 'barreiras' entre o canal vaginal e o útero

Ou seja, a prática de sexo na gravidez é segura?

Relações sexuais na gravidez são seguras, a não ser que haja outra indicação dos profissionais de saúde. Caso não haja, não há motivo para os casais não manterem relações sexuais, desde que seja prazeroso e confortável para ambos.

E tem benefícios? 

Do ponto de vista psicológico, a prática sexual entre casais pode ser muito benéfica para a coesão do casal e satisfação conjugal. Acaba por ser um exercício interessante para os casais, porque torna o casal mais sensível às necessidades e preferências um do outro, mesmo que isso queira dizer que uma das partes do casal não tenha tanta libido como a outra.

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Há hipótese de magoar o bebé? O bebé sente ou é magoado durante a penetração? 

O bebé está muito bem protegido, com uma série de 'barreiras' entre o canal vaginal e o útero. Se as relações forem prazerosas, o bebé também vai sentir esse bem-estar e está tudo bem.

Como combater os receios relacionados com o continuar das relações sexuais? 

Acredito que a informação é poder, então o ideal é que os casais procurem esclarecer todas as suas dúvidas com os profissionais de saúde que os acompanha. Sei que há casais que se sentem constrangidos em falar deste assunto e noutros casos até são os profissionais de saúde que evitam aprofundar a questão. Mas cada casal, cada corpo e cada gravidez são muito diferentes e com dinâmicas muito distintas e tudo isso deve ser considerado nesta equação.  Para além disso, a comunicação entre o casal é fundamental. No período gravídico, a mulher e a família sofrem transformações físicas, psicológicas e sociais, o que, por vezes, exige uma capacidade de ajuste. Falar sobre estas mudanças, preferências ou dificuldades, pode ajudar o casal a procurar outras soluções criativas para manter a atividade sexual, caso seja o que estes desejam.

Quais as melhores posições?

A variação das posições sexuais ajuda o casal não só a lidar com o aumento do perímetro abdominal da mulher, como a obter o máximo de prazer sexual na relação. Não há fórmulas mágicas, nem que funcionem de forma igual para todos os casais, mas é relativamente consensual que as posições sexuais que 'facilitam' são aquelas que não constrangem a barriguinha das mães e que permitem à mulher um maior controlo: a da mulher por cima, lado a lado, penetração por trás, homem por cima com os braços estendidos ou homem por cima com colocação de uma almofada debaixo da pélvis feminina. Mas nem só de penetração vive o sexo. A sexualidade é muito mais que sexo. Se fizer sentido para o casal, há outras opções como a masturbação mútua ou individual, carícias, massagens ou outras modalidades que podem ser exploradas.

Uma boa comunicação com os parceiros e, eventualmente, o acompanhamento psicológico podem desbloquear estas dificuldades e proporcionar uma melhor experiência para o casal

O orgasmo pode estimular o parto?

Sim. Aquando do orgasmo, há a libertação de ocitocina, que é uma hormona fundamental para o parto e amamentação. Aliás, os profissionais de saúde recomendam (numa gestação sem intercorrências) a atividade sexual especialmente no fim da gravidez, por volta das 40 semanas, como forma natural de estimular o trabalho de parto.

Que mitos persistem sobre o sexo na gravidez e que importa desmistificar?

Ainda existem algumas crenças de que o bebé está a ver e a sentir tudo o que acontece quando o casal tem relações sexuais, quase como se ele fosse um espectador. Isto desencadeia alguma culpa nos pais, o que faz com que talvez não tenham tantas vezes relações como gostariam ou com a desinibição com que habitualmente se relacionavam. Mas nada temam: o bebé, no máximo, sente o embalo desencadeado pelas contrações uterinas durante o orgasmo. 

Outro aspeto que tem peso, e particularmente nas mulheres, está relacionado com a imagem corporal. O corpo transforma-se.  No terceiro trimestre vemos um volume abdominal grande pode não ser fácil de gerir para a mulher e para o que ela pensa e sente acerca de si mesma. Uma boa comunicação com os parceiros e, eventualmente, o acompanhamento psicológico podem desbloquear estas dificuldades e proporcionar uma melhor experiência para o casal e para cada um dos seus elementos.

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