Cientistas da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, 'ressuscitaram' células fotossensíveis dos olhos - nomeadamente, cones e bastonetes - horas após a morte, indicando que é possível suster o funcionamento dos neurónios mesmo depois de ser declarado o óbito, reporta um artigo publicado pelo jornal Metrópoles.
Para efeitos daquela pesquisa, os cientistas utilizaram uma tecnologia capaz de restaurar oxigénio e nutrientes aos olhos 20 minutos após terem sido removidos do doador.
Sendo que as células fotossensíveis reagiram à luz forte, colorida e a feixes fracos até cinco horas depois da morte. Mais ainda, comunicaram entre si.
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Ora os cones e bastonetes transformam a luz em impulsos nervosos, explica o jornal Metrópoles, e a informação de seguida transportada até ao cérebro para interpretação.
No decorrer da experiência, os investigadores conseguiram intercetar a emissão de sinais elétricos das células e atividade sincronizada entre neurónios. Tratando-se da primeira vez que um órgão de uma pessoa morta reage a esse género de estímulo após o óbito.
Os tecidos do cérebro continuam a ser um tremendo desafio para a ciência e medicina. Como tal, o transplante de cérebro ainda não é uma opção. Pois se os neurónios cessam o seu funcionamento não podem ser 'reanimados'.
De acordo com o novo estudo, a descoberta pode "levantar questões sobre o caráter irreversível da morte das células neurais e prover novos caminhos para a reabilitação visual".
Agora, os cientistas esperam que compreendendo de que forma certos tecidos do sistema nervoso operam com a carência de oxigénio e nutrientes após a morte, seja então possível recuperar algumas funções cerebrais e, inclusive, reverter casos de morte cerebral.
"Já que a retina faz parte do sistema nervoso central, a restauração dos sinais elétricos neste estudo levanta o questionamento se a morte cerebral, como é definida hoje, é realmente irreversível", disseram os autores da pesquisa.
O estudo inédito foi originalmente divulgado na revista científica Nature.
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