Um estudo realizado no Uganda revelou uma descoberta surpreendente sobre o sexo e o VIH. Lavar o pénis minutos depois da relação sexual com uma parceira infetada aumenta o risco de contrair o VIH em homens não circuncidados.
Segundo a pesquisa, quanto mais cedo o banho, maior o risco de infeção. Aguardar pelo menos 10 minutos após o sexo para então tomar banho reduziu significativamente o risco de contrair VIH, como relatou o médico Fredrick E. Makumbi numa Conferência Internacional de SIDA realizada em Sydney, na Austrália.
Os investigadores ainda não têm uma explicação exata para a constatação, que contradiz a sabedoria popular e os ensinamentos de muitos especialistas em doenças infecciosas que defendem a limpeza peniana como parte da boa higiene genital.
Os homens, com idade entre os 15 e 49 anos, não eram circuncidados e não estavam infetados com o VIH quando inicialmente integraram a pesquisa. 83% disseram que se lavavam depois da relação sexual com qualquer que fosse o parceiro.
Os investigadores questionaram quando e como os homens se lavavam após as relações no momento do cadastro e 6, 12 e 24 meses depois.
Os homens que se lavavam no intervalo de três minutos após a relação tinham 2,3% de risco de infeção por VIH, comparativamente com 0,4% entre os que retardavam a lavagem para 10 ou mais minutos após o sexo. O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas.
Makumbi e outros especialistas em SIDA afirmaram não saber porque a prática do banho aumenta a vulnerabilidade à infeção por VIH, mas propôs algumas explicações.
Uma delas é que a acidez das secreções vaginais podem impedir a capacidade do vírus da SIDA sobreviver no pénis. Como tal, esperar mais tempo para se lavar e permitir uma exposição mais prolongada às secreções vaginais pode reduzir a probabilidade de infeção viral.
Outra explicação é que o uso da água, cujo pH é neutro, pode promover a sobrevivência do vírus e facilitar o contágio. Ao que tudo indica, o VIH necessita de estar em algum fluido para atravessar a mucosa e infetar as células. Se o fluido contaminado com VIH secar, é possível que sua capacidade de contágio diminua. A adição de água poderia reativar o VIH e torná-lo mais infeccioso.
As descobertas do estudo são surpreendentes, disse o médico Merle A. Sande, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Washington, em Seattle, e "mostram por que é preciso realizar mais estudos de modo a esclarecer o fenómeno”.