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Tem restrições alimentares? Nesta mesa há lugar para si (e para todos)

O 'The Food for Real' está de 'portas abertas' em Alcântara e, mais recentemente, em Entrecampos. A esta mesa todos são bem-vindos, tenham ou não restrições alimentares. Este é, como realça a impulsionadora do conceito, "um projeto de inclusão social através da alimentação".

Notícias ao Minuto

08:00 - 15/07/19 por Filipa Matias Pereira

Lifestyle doença celíaca

Assim que damos os primeiros passos no ponto de Entrecampos do 'The Food for Real', o olhar perder-se pelas delícias expostas na montra. Desde os cupcakes, às cookies e empadas, passando pelo pão de queijo... a oferta é vasta e o aspeto das especialidades da casa aguça o palato e promete uma viagem pelo mundo dos sabores.

Mais do que um espaço de padaria e pastelaria, o 'The Food for Real' distingue-se dos congéneres pela aposta na inclusão. Na produção das iguarias, o glúten é deixado 'fora de portas' e este é, inclusivamente, um espaço certificado pela Associação Portuguesa de Celíacos (APC). Mas a esta mesa não se sentam apenas os celíacos, também os veganos têm lugar.

O 'The Food for Real', refira-se, nasceu em Lisboa pelas mãos de dois brasileiros que fizeram a travessia transatlântica e decidiram marcar pela diferença. Fabiana Moulin e Ugo Bampi, os rostos deste projeto, chegaram a Portugal em 2016 e na bagagem trouxeram o conhecimento e a vontade de se afirmarem como verdadeiros empreendedores. "O Ugo queria muito empreender e eu acreditava que o projeto a que iríamos dar início tinha de ter um propósito", recorda Fabiana em entrevista ao Notícias ao Minuto.

Fabiana, especializada em sustentabilidade, vinha de uma multinacional. Ugo, por sua vez, desenvolveu todo o seu percurso profissional no mercado das telecomunicações até que decidiu fazer um ano sabático, apostando num curso de cozinha em Barcelona.

Para além disso, Fabiana, intolerante ao glúten, deparava-se com uma dificuldade comum a muitos celíacos - portadores da doença celíaca, uma patologia autoimune do intestino motivada por uma sensibilidade permanente ao glúten -, nomeadamente encontrar locais cuja ementa contemplasse opções sem glúten. "Quando vivi no Brasil e no Panamá senti a mesma dificuldade. Quando cheguei a Portugal não foi fácil encontrar sítios onde pudesse comer e de forma acessível". Aliás, confessa Fabiana, "desde que me foi diagnosticada a restrição alimentar, sempre tive dificuldade em encontrar locais onde pudesse fazer refeições com os meus amigos. A questão social começou a estar um pouco comprometida".

Este é um projeto de inclusão social através da alimentação. Queremos que todos se sentem à mesma mesa, mesmo que tenham restrições alimentares

Foi então que, em pleno coração da capital, Alcântara, nasceu o primeiro espaço 'The Food for Real'. "Este é um projeto de inclusão social através da alimentação. Queremos que todos se sentem à mesma mesa, mesmo que tenham restrições alimentares ou que queiram optar por um regime alimentar mais saudável", explica.

Deixar o glúten fora de portas

O que é, afinal, o glúten? É um conjunto de proteínas insolúveis encontradas em cereais como o trigo, o centeio, a cevada e a aveia (por contaminação). Pese embora os produtos comercializados desde o início no 'The Food for Real' não tivesse glúten, não eram certificados. "Tínhamos receio que houvesse alguma contaminação externa. Assim que nos estabilizámos financeiramente, demos o passo da certificação da Associação Portuguesa de Celíacos". Com efeito, o 'The Food for Real' é, hoje, apto a doentes celíacos.

Já quanto ao menu da loja de Alcântara, os detalhes da cultura gastronómica portuguesa e brasileira caminham de mãos dadas. Em plena harmonia, os sabores mais tradicionais brasileiros, como a tapioca, o açaí e o pão de queijo, conjugam-se com os paladares portugueses. "O pão de queijo é um snack muito famoso no Brasil e decidimos inclui-lo na oferta e, por isso, demos um toque na receita. Depois temos os pães veganos, coloridos, que podem ser de batata doce, beterraba, entre outros ingredientes, consoante a época do ano". Já quanto aos doces, "começámos por fazer o banana cake, que hoje é um dos produtos mais vendidos, o brownie com açúcar de coco", entre outros.

Notícias ao MinutoFabiana Moulin e Ugo Bampi, impulsionadores do projeto© Bloomers.eco

Com efeito, no 'The Food for Real' poderá encontrar um leque de especialidades brasileiras e portuguesas com um toque de autor e que refletem, também, uma preocupação com o valor nutricional dos alimentos - um aspeto patente, por exemplo, na escolha de adoçantes mais naturais, como o açúcar de côco e o açúcar Demerara.

Se o seu regime alimentar é vegano, não se preocupe. O 'The Food for Real' também está preparado para o receber. "Quando começámos a fazer pratos do dia, decidimos que seriam veganos por uma questão ambiental e queríamos também sensibilizar as pessoas de que era possível comer bem, de forma equilibrada, sustentável e saborosa". Para além disso, "como a maioria dos produtos são feitos na hora, somos muito flexíveis e podemos retirar do prato algum alimento a que a pessoa seja intolerante". 

Um dos pilares deste projeto está alicerçado na relação qualidade/preço, já que Fabiana tinha consciência que era difícil encontrar locais preparados para restrições alimentares e que tivessem preços acessíveis. "Um dos nosso princípios era precisamente fazer parcerias com os produtores locais e foi por isso que conseguimos apresentar preços mais acessíveis", explica, acrescentando que apenas os produtos tipicamente brasileiros, como a tapioca e o açaí, e algumas farinhas sem glúten são importados. 

Fazer pão sem glúten, o desafio

Sendo o espaço de Alcântara já uma referência, Fabiana e Ugo decidiram dar mais um passo nesta caminhada empreendedora. O casal abriu, recentemente, o espaço 'The Food for Real' de Entrecampos, juntamente com os sócios Angelique Días e Sérgio Ramos "No café de Alcântara, já alugávamos uma cozinha industrial para preparar os nossos produtos e, quando decidimos ser certificados, não podíamos continuar a ter uma cozinha partilhada devido aos riscos de contaminação cruzada. Começámos então a procurar outro lugar que nos permitisse também ter um ponto de revenda, para depois encaminhar os produtos para Alcântara e para os cafés com os quais trabalhamos em regime de revenda".

Foi então que o casal encontrou o espaço da Choco & Mousse - um projeto já direcionado para a padaria sem glúten - e "era o ideal porque as máquinas não estavam contaminadas". Com efeito, no início deste mês de julho, o ponto de Entrecampos abriu as portas num regime de take-away. "Estamos abertos de segunda a sexta-feira, das 12h as 15h, e temos dois dias de fornadas de pão por semana", refere Fabiana.

Se é intolerante ao glúten ou se o exclui da alimentação por opção, pode encomendar o pão de forma - normal ou integral - ou as bolas brancas ou de sementes que serão entregues nos dias em que há fornadas, anunciados previamente através das redes sociais.

Pôr as 'mãos na massa' do pão sem glúten foi, como confessa Fabiana, "um desafio". Apesar de a receita de pão tradicional ser simples, "farinha e água", fazer pão sem glúten não é assim tão linear, sendo que o objetivo "era chegar o mais próximo possível do pão normal". Acredita a empreendedora que "o grande segredo do pão sem glúten é experimentar as farinhas e testar os novos fornecedores".

A marca prepara-se para, em setembro, retomar outra iniciativa que já é um sucesso: os workshops. "Habitualmente, damos as boas vindas a uma estação do ano com um workshop, onde os participantes têm oportunidade de aprender novas receitas com os produtos da época", remata.

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