A chamada síndrome da ‘bexiga tímida’ é uma condição real, clinicamente conhecida como parurese, e consiste no medo que alguém sente ao urinar sabendo que há mais pessoas por perto.
De acordo com Carl Robbins, diretor do Instituto de Ansiedade e Distúrbios de Stress de Maryland, nos Estados Unidos, que trabalha com pacientes paruréticos há mais de 20 anos, a preocupação que envolve estas pessoas é de que outras vão notar e formar julgamentos sobre elas – de que são estranhas, defeituosas, inferiores, ou, no caso dos homens, pouco masculinos. Segundo ele, há uma enorme vergonha e constrangimento envolvido, porque os que sofrem com a síndrome sentem que não podem urinar como os outros, e por isso tendem a manter o ato em segredo, segurando a necessidade de urinar até o limite.
Segundo Robbins, em cerca de 50% dos seus pacientes com parurese foram identificados incidentes traumáticos ou stressantes que envolveram intimidações ou pressão por parte dos pais. Tal explica o cientistas cria um ciclo vicioso, que faz com que os músculos do esfínter urinário se fechem, uma vez em que o medo toma conta da pessoa mesmo na idade adulta. “É claramente um problema que envolve mente e corpo”, explicou. “É necessário interromper esse ciclo de autoperpetuação do medo”.
Para Steven Soifer, professor associado na Escola de Trabalho Social da Universidade de Maryland, e vítima da síndrome, homens, mulheres e crianças sofrem igualmente com bexigas tímidas e locais sem privacidade, como ambientes de trabalho, militares e prisões, podem ser um verdadeiro pesadelo para os paruréticos. Ele estima que 80-90% dos pacientes consigam uma melhora considerável através de terapias cognitivo-comportamentais, em que gradualmente são expostos à situação que temem.
De acordo com a International Paruresis Association, existem oficinas, grupos de apoio e uma série de terapeutas familiarizados com a condição. “A bexiga tímida é uma desordem real”, disse Soifer. “Não é algo para ser gozado e ignorado”, concluiu.