A endometriose – condição na qual o endométrio (mucosa que reveste a parede interna do útero) passa a crescer em outros locais do abdómen – é uma doença presente em várias mulheres com infertilidade.
No entanto, segundo Marcos Sampaio, diretor da Clínica Origen e médico especializado em reprodução humana, a endometriose não é o ponto final no sonho da maternidade. O estudo internacional, que contou com a sua participação, apontou que esse distúrbio não impacta o resultado de pacientes submetidas à Fertilização in Vitro.
Publicado pela revista científica Journal of Assisted Reproduction and Genetics, nos Estados Unidos, o estudo foi realizado com base em 27.294 ciclos de FIV em toda a América Latina registados no período de 1995 e 2011 pela Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida. “Este estudo analisou um longo período de tempo com uma grande amostra de pacientes, apresentando assim, resultados muito significativos”, ressalta o clínico.
A pesquisa revelou que as pacientes com endometriose apresentam as mesmas taxas de sucesso de gravidez e nascimento do que aquelas que não tem endometriose. “No grupo de mulheres com endometriose, a quantidade de óvulos captados foi menor do que o observado no grupo de controlo e o número de embriões transferidos também foi menor. Ainda assim, esses números iniciais menores não interferiram nas taxas de gravidez e de nados vivos, que foram superiores no grupo de endometriose”, explica Sampaio.
O estudo mostrou ainda dois números importantes, o primeiro é que a taxa de aborto também foi menor no grupo de endometriose e que, quando se avaliaram as pacientes por faixa etária, foram observados os mesmos resultados para as mulheres com 25 a 35 anos, 36 a 40 anos e 41 e 42 anos.