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O perigoso, imprevisível e violento comportamento das multidões

A experiência de fazer parte de uma multidão pode ser bastante desconfortável, angustiante e até letal.

O perigoso, imprevisível e violento comportamento das multidões

No ano passado, esmagamentos causados pela aglomeração de pessoas provocaram mortes em inúmeros lugares, como num estádio angolano de futebol, numa praça italiana e num centro de doação de comida em Marrocos. Mas afinal o que é a mentalidade de massas?

Todavia, esses acontecimentos trágicos são geralmente evitáveis. E membros da comunidade científica internacional estão ativamente a tentar descobrir novas maneiras de minimizar a probabilidade de se repetirem.

"Regra geral o comportamento humano é bastante previsível, porque somos seres muito racionais", explica Shrikant Sharma à BBC News, o diretor do grupo Smart Space da firma britânica de engenharia BuroHappold.

Tal permite que a análise de dados e de padrões preveja como as pessoas se vão mover e comportar no espaço, e como isso pode ser afetado por mudanças no seu comportamento.

A psicologia das multidões existe desde o século XIX. Mas foi apenas nas últimas décadas, que o fenómeno começou a ser analisado para além de uma simples massa de pessoas ‘sem cérebro’.

"A multidão é tão psicologicamente específica quanto o indivíduo", afirma John Dury, especialista em psicologia social de gestão de multidões da Universidade de Sussex, no Reino Unido.

A consciência da multidão

O vasto trabalho de psicólogos e de especialistas em desastres e catástrofes, apontou que muitas vezes há o surgimento de uma identidade coletiva durante a ocorrência de emergências.

Essa identidade é a chave para determinar se uma multidão vai cooperar ou não, ou ser resiliente numa situação específica. Ao entrevistarem os sobreviventes dos ataques terroristas de Londres de 2005, Drury e os seus colegas detetaram uma grande cooperação entre os membros daquela multidão: confortaram-se uns aos outros, compartilharam água e providenciaram primeiros socorros.

"É importante não realizar ações que prejudiquem a emergência desse tipo de identidade social compartilhada", diz Drury. Já que a identidade de multidão se sobrepõe a outras afiliações, não ajudaria dividir a multidão em, por exemplo, grupos étnicos ou religiosos com a esperança de torná-la mais administrável.

É crucial entender as regras que governam qualquer tipo de multidão. Tomemos como exemplo as ‘rodas punk’ em concertos. Há uma lógica nessa massa de corpos em ebulição, apesar de não ser sempre visível para quem não está nela. Essa lógica impede os fãs de serem esmagados. Significa até que os participantes num círculo muitas vezes acabam no mesmo local onde começaram.

Mas se seguranças inexperientes que não conhecem essa tendência acreditarem que esse comportamento é perigoso e começarem a aplicar força física, essa reação poderá desencadear e agravar o perigo em si.

O que aconteceu no desastre de 1989 de Hillsborough, quando 96 pessoas morreram ao serem esmagadas num estádio de futebol em Sheffield, no Reino Unido. Alguns policiais e guardas ficaram tão preocupados com as ações dos hooligans que acabaram por agravar a situação.

De um ponto de vista psicológico, é também importante não sobrestimar os perigos de uma multidão.

Drury diz que, apesar dos desastres serem raros, a comunicação social e a cultura popular tendem muitas vezes a exagerar os perigos. É mais dramático para propósitos de narração usar um termo como ‘pânico’ em vez de ‘evacuação repentina’, por exemplo, apesar do pânico em massa ser raro.

O problema é que, se as pessoas são levadas a acreditar que os outros vão entrar em pânico numa multidão, então elas próprias ficam mais propensas a entrar em pânico – mesmo na ausência de um perigo real, escalando e exacerbando assim a situação e aumentando o risco de fatalidade.

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