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A peça onde Ricardo Pereira é Deus e Irene Ravache sua psicóloga

'Meu Deus' irá estrear em setembro e os atores garantem que o público não vai ficar "indiferente".

A peça onde Ricardo Pereira é Deus e Irene Ravache sua psicóloga
Notícias ao Minuto

08:10 - 31/08/16 por Marina Gonçalves

Fama 'Meu Deus'

É já no próximo dia 22 que Ricardo Pereira e Irene Ravache se estreiam no teatro Tivoli, em Lisboa, com a peça ‘Meu Deus’.

Não é a primeira vez que Irene Ravache atua para o público português, visto que já pisou os palcos do Tivoli há 11 anos, duas vezes a mesma peça. No entanto, é a primeira vez que ambos trabalham juntos.

Este projeto, uma adaptação da peça da dramaturga israelita Anat Gov e encenada por Elias Andreato, fala-nos de um Deus (Ricardo Pereira) que resolve recorrer à ajuda de uma psicóloga (Irene Ravache) porque está deprimido. Este encontro vai afetar a relação da profissional com o filho autista (João Lobo).

Em conversa exclusiva com o Fama ao Minuto, os atores falaram sobre a preparação que tiveram para este projeto, revelando as expectativas para o dia da estreia e ainda algumas curiosidades.

Como correu a preparação para este projeto?

Irene: "Correu de uma forma diferente porque o Ricardo ainda estava a gravar no Rio de Janeiro e eu já estava em São Paulo, onde moro. Em Teatro quase sempre começam todos juntos, têm as leituras de mesa, de texto. No nosso caso isso foi feito de uma forma separada. Quando o Ricardo podia ia a São Paulo e surpreendia-me muito porque já chegava com muita coisa decorada".

Ricardo: "Eu estava a terminar um trabalho na TV Globo, ‘Liberdade Liberdade’, e queríamos adiantar o máximo que podíamos e aproveitar também os tempos livres para ensaiar, sabendo que depois da peça poderíamos ensaiar em São Paulo antes de vir para cá e teríamos mais ensaios aqui durante este mês até à nossa estreia. Foi uma vontade muito grande de querer trabalhar com esta grande atriz que me fez aproveitar qualquer minutinho que tinha para me dedicar à peça ‘Meu Deus’ e paralelamente a outros trabalhos. É um texto tão bom e tinha tanta vontade de o fazer que este foi provavelmente o texto mais rápido que eu decorei. Quando começámos a ensaiar foi mais fácil. O texto é logo esquecido, parte-se para a descoberta da personagem".

O que é que os portugueses podem esperar desta peça?

Ricardo: "Com um Deus que tem fragilidades, o que já é difícil. Com um Deus português, uma psicóloga brasileira que também tem os seus problemas e que, por ela não ser a maior fã dele, é o que o faz escolher ir a esta e não às milhentas que existem no mundo. Podem contar com intimidade, confidência. Acabam por ser confidentes um do outro".

Irene: "Acho que também podem contar com a possibilidade de questionarem a relação com qualquer ser superior. Poderá chamar de Deus, de Maomé, Jeová, seja lá o que for, ou até não ter, mas vai questionar-se e o texto oferece essa oportunidade".

Ricardo: "Estamos aqui a falar do mundo, da criação do Homem, de coisas que nós ouvimos e estudamos, mesmo não nos interessando por alguma religião em particular. Nós vamos aqui desmistificar e tornar humano e acessível do senso comum uma série de assuntos. E isso torna a peça envolvente".

Irene: "A peça não discute religião, ela fala do ser humano. Como é que ele se porta diante de algo superior a ele ou diante dele mesmo, das suas questões, dos seus problemas".

O que esperam desta estreia?

Irene: "Se nós tivéssemos uma receita a respeito de teatro, a Broadway não produziria fracasso e a Broadway às vezes produz fracasso. Falo na Broadway porque eles são experts em produzir os seus musicais, em fazer grandes lançamentos. Se houvesse uma fórmula de sucesso, só havia sucesso. Não existe porque há vários fatores a começar pelo próprio fator humano. Não tem como editar, fazer melhorar a luz… é um ser humano a falar para outro ser humano. Isso faz parte da essência do próprio teatro, é um risco que corremos e que realmente só se sabe quando estreia. A grande surpresa é na estreia e isso é o que faz com que a adrenalina fique lá em cima".

Ricardo: "Mas eu acho que público vai ter interesse. O assunto em si, Deus ir ao psicólogo, já é uma coisa que baralha a cabeça de toda a gente. É uma situação muito caricata, inusitada para todas as pessoas e eu acho que toda a gente vai querer e a peça já foi feita em vários lugares no mundo com muito sucesso exatamente por isso, porque toda a gente quer ver Deus sentado numa consulta de psicologia".

Irene: "A peça levanta várias questões mas de uma forma leve, não no sentido de leviana, ela não é pesada em algum momento, ela não entra em atrito com a fé de ninguém".

E como é 'ser' Deus? 

Ricardo: "Não sei. Todos os dias olho para a Irene e fico a pensar e a lembrar-me desta altivez dele, mas ao mesmo tempo desta desconstrução. É uma grande responsabilidade fazer-se de Deus. Eu acho que isso é que é interessante. Para já, quando visualizam uma figura que acham que é imaginária e de repente têm ali no palco, com algumas ações que, obviamente, mostram que ele é Deus (adivinhando coisas, entrado sem bater e passando portas…) dá para perceber a figura que ele é e a energia que ele carrega. A grandiosidade que transporta, mas ao mesmo tempo têm de o trazer para uma situação normal do quotidiano. As coisas boas e as coisas más, como ele aborda a vida, como é que ele se autoanalisa, isso é que é bom. Vou tentar trazer um Deus muito próximo de um ser humano, não sendo um ser humano. Mas com algumas emoções do ser humano e algumas observações distanciadas do ser humano. Ou seja, ele coloca-se dentro do homem que ele inventou mas sai desse homem para o questionar porque esse homem o questiona a toda a hora. Vemos um Deus, acima de tudo, a precisar de um apoio que ele encontra completamente e totalmente na vida da Ana, a personagem que Irene faz".

Como é ter Deus no seu consultório?

Irene: "Em primeiro momento ela acha que ele está pirado, inclusive ela não quer que ele fique. Ela pede para ele se retirar mas ele não se retira. Depois ela decide entrar no jogo dele porque há algo nele que ela não consegue decifrar tão facilmente. Mas há uma enorme curiosidade e ele toca-lhe. Ele toca em coisas dela. Faz com que haja uma transformação também por parte dela. Então é um encontro de duas pessoas".

Ricardo: "O jogo é interessante, cativa o público e leva-os para situações hilariantes, daí a peça ser uma comédia/drama… passa por todos os lados".

Irene: "Mas o público não sai indiferente. Tenha ele a religião que tiver, ou não tendo religião".

O que acha do público português?

Irene: "É um público muito atento, muito acolhedor. Não vem para julgar, ele vem. Há uma grande diferença que se chama a entrada do telemóvel na vida das pessoas. E na última vez que estive aqui não havia telemóvel. O brasileiro assiste aos espetáculos através do telemóvel, então ele não está atento. É muito bom quando você está. Sinto, imagino que o público português, até mesmo pela sua educação e cultura, quando vai ao teatro vai para ir teatro [com toda a atenção]".

Ricardo: "Mas o teatro também é diferente de um espetáculo musical. Aí gostamos de guardar uma música para ouvir depois. O importante é, com esta evolução tecnológica que tem havido, não nos esquecermos de que existe uma coisa que vem antes dos telemóveis que é viver o momento e as experiências, e guardá-las na nossa memória, no nosso coração, no que for".

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