TVI tentou "passar a perna" a Rúben Pacheco Correia (e-mails provam-no)

Apesar de terem anunciado que já não iam produzir o documentário do autor açoriano e de saberem que Antonino Giuseppe Quinci tinha um contrato de exclusividade com Rúben, o canal de Queluz tentou chegar à fala com o criminoso. Advogados explicaram as consequências que isso pode ter a nível judicial.

Rúben Pacheco Correia

© Instagram/Rúben Pacheco Correia

Natacha Nunes Costa
15/08/2025 09:40 ‧ há 2 horas por Natacha Nunes Costa

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Rabo de Peixe

A polémica entre a TVI e Rúben Pacheco Correia continua. O Notícias ao Minuto sabe que, a estação de Queluz tentou entrar em contacto e entrevistar Antonino Giuseppe Quinci, protagonista do livro e documentário 'Rabo de Peixe – Toda a Verdade', do autor açoriano depois da polémica rescisão de contrato entre ambos para a emissão do documentário.

 

Apesar de saberem de antemão que o traficante italiano tinha um contrato de exclusividade com Rúben, uma vez que chegou a haver um "contrato tácito" entre ambas as partes para a emissão do documentário no canal 4, um jornalista da TVI entrou em contacto (mais do que uma vez) com os advogados de Antonino para tentar 'a sua sorte'.

No e-mail a que o Notícias ao Minuto teve acesso, o jornalista revela que já tentou entrar em contacto telefónico, anteriormente, e diz que a TVI está disposta a viajar até ao Ceará para falar com o famoso criminoso, já condenado várias vezes por tráfico de droga.

Além de tentar "passar a perna" ao antigo colaborador – que tem agora uma parceria com a CMTV, canal que vai emitir o documentário, no próximo mês de outubro - uma fonte ligada ao processo garantiu ao Notícias ao Minuto que a TVI "mostrou-se, inclusivamente, disponível para pagar aos advogados de Antonino" pela entrevista, assim como "a possível indemnização que teriam de pagar" a Rúben, caso o contrato fosse quebrado.

Em resposta ao jornalista em questão – e com várias pessoas em CC ('com conhecimento') no e-mail, entre os quais o diretor da CMTV, Carlos Rodrigues, e o diretor-geral da TVI, José Eduardo Moniz, além de Rúben - os advogados de Antonino Quinci, lembraram que Antonino "celebrou, a 16 de agosto de 2024, contrato de cessão de direitos de uso de imagem e gravação de entrevista, com cláusula expressa de exclusividade, com Rúben Miguel Pacheco Correia, para a produção de documentário audiovisual a ser lançado em plataformas como a Netflix e/ou similares, bem como para eventual exibição em canais de televisão nacionais ou estrangeiros".

Perante isso, explicam ainda os advogados que "o senhor Rúben detém os direitos exclusivos e irrevogáveis sobre a história e o conteúdo da entrevista concedida por Antonino Giuseppe Quinci, especialmente sobre o episódio ocorrido no ano de 2021 no Arquipélago dos Açores, envolvendo a embarcação sob comando do entrevistado".

"Assim, qualquer tentativa de abordagem, gravação, entrevista ou utilização da imagem ou narrativa de Antonino Giuseppe Quinci por terceiros, incluindo empresas de média, emissoras de televisão ou produtores audiovisuais, sem a devida autorização expressa e forma do senhor Rúben Miguel Pacheco Correia, configura violação contratual e sujeita o infrator a medidas judiciais cabíveis", garantem, acrescentando que a empresa Medialivre, que detém a CMTV, "é a legítima adquirente dos direitos de produção".

Apesar de todos os jornalistas serem livres de tentarem entrevistar quem quiserem, aqui o caso é diferente, uma vez que a TVI sabia que Antonino tinha um contrato de exclusividade com Rúben Pacheco Correia que marcou, por variadíssimas vezes, presença em diferentes programas do canal.

José Eduardo Moniz anunciou documentário na TVI, mas 'verniz estalou'

No dia 7 de maio, enquanto apresentava 'Rabo de Peixe – Toda a Verdade', de Rúben, na Sala do Arquivo, em Lisboa, José Eduardo Moniz anunciou mesmo que a TVI ia emitir um documentário inspirado no livro e que este ia ter três episódios, surpreendendo os que o ouviam.

Porém, no final do mês de julho, o 'verniz estalou' e o canal de televisão anunciou, através de um comunicado, que já não iria produzir o documentário, argumentando que "a estação decidiu rever a sua posição, após analisar o contexto contratual pretendido pelo autor, em particular, as contrapartidas não financeiras".

Dias depois, no postcast 'Prova Oral', de Fernando Alvim, Rúben quebrava o silêncio, dando a sua versão dos factos. "Nunca foi uma questão de dinheiro, foi uma questão sempre de garantir o meu envolvimento no documentário até ao fim. Foi um projeto que eu comecei sozinho, desde a primeira palavra que escrevi neste livro. A investigação foi feita e paga por mim completamente, só depois é que a TVI apareceu na operação quando o processo já estava todo concluído da parte da investigação e do documentário também", recordou.

A estudar Direito atualmente, Rúben Pacheco Correia mencionou termos referentes ao negócio jurídico e mais concretamente à aceitação tácita - que a TVI acabou por fazer relativamente às suas exigências, voltando depois atrás.

"Quando fui ter com a TVI perguntaram-me o preço, o valor e as condições que eu tinha para o documentário e apresentei por escrito todas as condições. A TVI não respondeu. Viu e não respondeu. E anunciou, uma semana depois, o documentário no lançamento do meu livro e, portanto, tacitamente, aceitou aquela proposta", nota.

Rúben Pacheco Correia, conta ainda que, apenas em julho recebeu um contrato do canal de Queluz, e foi nessa altura que percebeu que as suas exigências não seriam atendidas e decidiu não aceitar a proposta e terminar as negociações.

"Na semana passada fiquei surpreendido com a proposta da TVI, muito inferior às condições que eu tinha apresentado. Se a TVI achava que não cumpria com as condições para o projeto e para o autor, não teria anunciado o documentário sem antes ter garantido que eu iria aceitar aquelas condições. Portanto, senti-me na legitimidade de não aceitar a proposta da TVI", realçou, afirmando que "não foi a TVI que recusou, eu não aceitei".

E foi na concorrência que Rúben encontrou o que queria. "A CMTV dá-me o valor que eu queria, mas mais do que o valor, dá-me as condições para estar envolvido no documentário até ao fim, até à emissão do documentário, que é isso que é importante para mim", concluiu.

Documentário sai no mês de outubro

O documentário deverá sair no mês de outubro. Para já, como é possível ver através das suas stories, partilhadas no Instagram, Rúben parece estar na ilha de São Miguel, nos Açores, a finalizar as gravações.

Recorde-se que 'Rabo de Peixe – Toda a Verdade' surgiu da vontade do autor de contar o que realmente aconteceu “no verão quente” de 2021, quando Antonino Giuseppe Quinci aportou na vila de Rabo de Peixe, depois de ter escondido pela costa de São Miguel mais de 700 kg de cocaína.

A droga que enriqueceu alguns, foi também a responsável por uma calamidade que levou a várias mortes por overdose e à destruição de famílias inteiras.

'Guerra' com a Netflix

A ideia de escrever este livro – assim como de realizar um documentário – surgiu depois da série de sucesso ‘Rabo de Peixe’ ser emitida pela Netflix.

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, na altura do lançamento de 'Rabo de Peixe – Toda a Verdade', Rúben explicou que uma das razões que o levou a querer escrever o livro foi a "necessidade de devolver a alma a Rabo de Peixe", assim como desconstruir os "estereótipos" criados ao longo dos anos sobre a freguesia açoriana de onde é natural e acentuados, de acordo com o também empresário, pela série 'Rabo de Peixe' do também açoriano Augusto Fraga.

Leia Também: Rúben Pacheco Correia diz que foi ele a dar 'nega' à TVI. "Não aceitei"

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