"Em Inglaterra sou livre de preconceitos. Em Portugal mais premeditado"

Rui Maria Pêgo conversou com o Fama ao Minuto sobre a paixão pela representação, como aprendeu a lidar com a rejeição e os planos para o futuro.

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© Instagram/Rui Maria Pêgo

Notícias ao Minuto
29/11/2024 08:56 ‧ há 4 dias por Notícias ao Minuto

Fama

Rui Maria Pêgo

Rui Maria Pêgo tem 35 anos e um amor enorme pela arte de comunicar. É ator, apresentador e, ao longo da sua carreira de 16 anos, passou pela rádio, pelo teatro e pela televisão. 

 

Rui já embarcou em várias aventuras além-fronteiras para adquirir conhecimentos e concluiu, com sucesso, o mestrado em Fine Arts in Professional Acting pela Bristol Old Vic Theatre School. 

É o autor de 'Filho da Mãe', uma série de 2015 que fez sucesso no Canal Q. Neste momento conduz o podcast da Rádio Comercial 'Debaixo da Língua'.

O Fama ao Minuto conversou com o ator, que fala da rejeição que a profissão lhe traz, do presente, do futuro, sem esquecer a mãe, uma das pessoas que mais admira.

"O balanço não é bem positivo. Este ano foi bom para me recentrar e também aprender a lidar com a rejeição"O Rui está com vários projetos a decorrer, quais são as novidades que nos pode contar? 

Dia 28 de novembro [passada quinta-feira] estreia o Prisma, uma série que fiz há dois anos e que finalmente vai sair, da Sónia Balacó e do José Bernardino. Estou muito contente porque foi aquilo que fiz, a primeira coisa que fiz depois de sair da escola em Inglaterra. E estava muito doente mas, aparentemente, acho que não estava muito mal, pelo resultado do que fizemos. Continuo a fazer o 'Debaixo da Língua', que está a correr muito bem e adoro fazer. E vão acontecer mais coisas, mas ainda não posso dizer. 

Que balanço é que o Rui faz deste ano? E o que é que quer conquistar para o próximo ano?

O balanço não é bem positivo. Para mim foi um ano um bocado de me ajustar outra vez a estar em Portugal. Tenho duas vidas, tenho uma vida em Inglaterra, tenho uma vida cá. Acabei por estar cá muito tempo e foi bom para mim, mas sinto agora que estou numa fase de transformação. Este ano foi bom para me recentrar e também aprender a lidar com a rejeição. Enquanto ator recebes muitos 'nãos' e faço muitas 'self-tapes' (audição feita por atores através de um vídeo que os próprios fazem) e nem sempre fico. Não tinha essa experiência como apresentador e é muito importante para aprenderes também, um bocado, a esculpir as razões.

Se não quiseres levar 'nãos', esta não é, de todo, a profissão certa. Há dias em que ficas mais triste, há dias em que te queres atirar de uma ponte

Como é que é levar um 'não'? 

Às vezes os 'nãos' são importantes para te recentrares e pensares: 'Ok, não consegui desta vez, mas não quer dizer que não vou conseguir numa próxima'. Ao mesmo tempo faz-te ter a certeza do que queres fazer. Se não quiseres levar 'nãos', esta não é, de todo, a profissão certa. Há dias em que ficas mais triste, há dias em que te queres atirar de uma ponte, mas convém que isso não aconteça [risos].

"Em Inglaterra sou mais livre de preconceitos. Em Portugal sou mais premeditado"O Rui é uma pessoa diferente em Inglaterra e cá em Portugal?

Há quem diga que sim. Normalmente nós somos diferentes quando falamos outras línguas, não é? Temos acesso a outras personalidades. Diria que sim, lá sou mais livre de preconceitos. Cá tenho trabalho há muitos anos, isso faz-te ser mais premeditado. Há coisas ótimas cá, há coisas ótimas lá. Não há assim uma divisão dramática entre os dois.

A minha mãe é a melhor apresentadora da televisão portuguesa. Não há nada que ela não consiga fazerA sua mãe, Júlia Pinheiro, está sempre com novos projetos e lançou agora um podcast centrado no tema da menopausa. Como é que encara isso enquanto filho?

A minha mãe é a melhor apresentadora da televisão portuguesa e é uma pessoa muito influente na maneira como nós comunicamos hoje em dia. É uma das pessoas mais importantes da televisão em Portugal desde sempre, não é por ser minha mãe, basta pensar o que foi a 'Noite da Má Língua' e outros registros ao longo da carreira dela. É naturalíssimo que ela acabe por fazer podcasts também da sua autoria. Ela está muito contente e eu fico sempre contente porque acho que não há nada que ela não consiga fazer.

E ainda por cima sobre um assunto em que existe algum pudor.

Acho que quando chegas aos 62 anos já não tens grandes pudores, falas de tudo. É muito bom porque há aquela ideia de que a comunicação deve ser muito fechada e temos de ter muito cuidado com o que dizemos. Acho que é muito importante que alguém também com o caminho dela mostre que podes dizer o que quiseres, e comportares-te da maneira que quiseres. Sobretudo não tens medo de mostrar que não há assuntos tabu. Muitas mulheres sentem-se muito sozinhas, é um momento, uma viagem hormonal muito complicada que os homens não passam dessa forma. Fico muito feliz por ela.

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