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"Não sou masoquista. Sou mais feliz a fazer comédia do que drama"

Paula Neves falou com o Fama ao Minuto sobre 'Look Back in Anger', a peça que inicia hoje, 30 de março, uma nova temporada.

"Não sou masoquista. Sou mais feliz a fazer comédia do que drama"
Notícias ao Minuto

08:50 - 30/03/23 por Filipe Carmo

Fama Paula Neves

Na lista das atrizes mais conceituadas do país, há muito que já consta o nome de Paula Neves. Faz teatro e televisão como se não existisse qualquer diferença, exatamente com a mesma facilidade com que assume papéis de comédia ou outros mais dramáticos.

Prova disso é o facto de se encontrar em cena, quase em simultâneo, com duas peças de teatro que não podiam ser mais diferentes. A primeira é 'Dry Martini', que irá interromper por conta de 'Look Back in Anger'.

Hoje, dia 30 de março, Paula estreia-se na nova temporada desta segunda peça, escrita por John Osborne, que subiu ao palco pela primeira vez em 1956, em Londres. 

É o Teatro Taborda, em Lisboa, que entre os dias 30 de março e 2 de abril recebe o elenco composto por Paula Neves, André Nunes, Guilherme Filipe Pedro Pernas e Rita Fernandes, encenado por Jorge Gomes Ribeiro.

Foi sobre 'Look Back in Anger' que o Fama ao Minuto falou com a atriz, de 45 anos, que vive atualmente uma fase de encantamento com o teatro. Ainda assim, Paula não esconde o carinho que sente pela televisão, onde começou a sua carreira.

A Paula estreia já hoje a nova temporada de 'Look Back in Anger'. O que nos pode contar sobre a peça?

É um clássico do teatro. É uma peça que estou a fazer com o grupo Companhia da Esquina e com a qual já andámos por alguns sítios. Não é uma peça escrita à luz da atualidade, mas pelo facto de ter sido revolucionária à época – foi escrita na década de 50 – há ecos do que se passam na peça que ressoam até hoje. Infelizmente, a sociedade não mudou assim tanto.

É, portanto, uma peça com um tom mais dramático?

Sim, sem dúvida. Apesar de não ser um drama de choro nem de 'faca e alguidar', é uma coisa contida, uma raiva latente que os personagens têm por causa de uma repressão da sociedade. Acontece tudo dentro de um ambiente claustrofóbico de um apartamento. É um domingo rotineiro entre pessoas que dividem um apartamento e que simplesmente começam por falar sobre o que irão fazer ao longo do dia e tudo parte desta premissa. A partir daí, nasce um diálogo fabuloso e muito potente, que critica a sociedade em que vivemos.

A ideia é pensar-se no que foi a sociedade após a Segunda Guerra Mundial

A versão original da peça estreou em 1956. O que faz com que continue a fazer sentido interpretá-la tantos anos depois?

Embora a sociedade esteja diferente em alguns aspetos, é impossível não nos revermos no texto da peça e não o passarmos para os dias de hoje. Ainda há, nas nossas vidas, ecos de todos estes gritos de desespero.

Já esteve em cena com esta peça durante algum tempo. Qual tem sido a reação do público à mesma?

O público gosta muito desta peça. Ela funciona como um 'murro seco' no estômago. Ninguém vai para lá chorar, não é isso, mas vão para lá pensar. Ainda por cima é curta, acontece quase num sopro. A ideia é pensar-se no que foi a sociedade após a Segunda Guerra Mundial.

Nós, atores, temos de ter a capacidade de ter 1000 textos dentro de nós e de os acionar quando é preciso

Sobre a sua personagem em particular, o que nos quer avançar?

A minha personagem é uma menina de classe alta que casou com um operário. Não aconteceu uma abertura da sociedade para ele, mas sim uma redução da minha personagem para a classe do marido dela, bem como um fechar de portas da classe à qual ela pertencia. Quase que há um castigo quando se tentam romper essas classes.

A Paula começa a promover esta nova peça numa altura em que se despede temporariamente do 'Dry Martini'. Como tem sido esta experiência e de que forma se distingue da nova peça que estreia hoje?

Nós, atores, temos de ter a capacidade de ter 1000 textos dentro de nós e de os acionar quando é preciso. Eu vou parar o 'Dry Martini' para ir fazer o 'Look Back in Anger', ou seja, na semana em que vou estar numa delas, só vou estar concentrada nessa. Mais difícil é conseguir ter os dois textos, tão intensos, na cabeça ao mesmo tempo. Para mim é muito interessante e desafiante estar com duas personagens tão diferentes. É quase como descansar de cada uma delas na outra. Dá para descansar emocionalmente.

É com o registo da comédia que a Paula mais se identifica?

Talvez. Gosto muito dos dois registos, sinto-me confortável com os dois, mas talvez tenha uma queda para a comédia, porque não sou masoquista. Sou um bocadinho, porque todos os atores são um bocadinho masoquistas, mas ao longo da minha vida tenho fugido ao masoquismo e tenho procurado evitá-lo. Esta vida já é tão dura e tão exigente que se no meu trabalho puder ter um alívio, isso ajuda-me muito. Sou bastante mais feliz a fazer comédia do que a fazer drama. Às vezes sinto-me mais realizada numa boa cena dramática, mas a comédia deixa-me mais feliz.

Sinto-me confortável no meu papel de atriz, nesta profissão que escolhi para a minha vidaSente-se ainda mais atriz por ser esta uma fase em que está mais ligada ao teatro?

Custa-me um bocado dizer isso. O meu primeiro amor foi a televisão, o teatro surgiu depois. Custa-me um bocado comparar e pôr um à frente do outro, é quase como comparar dois filhos. Há momentos em que estou mais encantada com o teatro, outros com a televisão, tem tudo que ver com a personagem que estou a fazer na altura.

Há alguma coisa pensada em televisão?

Por enquanto não, estou muito focada nestes dois projetos.

Numa altura em que já tem tantos créditos dados nesta profissão, em que fase da carreira acredita que se encontra?

Sinto-me confortável no meu papel de atriz, nesta profissão que escolhi para a minha vida. Embora seja uma profissão instável, é algo que está nos meus ossos, no meu sangue e no meu ADN. Foi um amor que nasceu aos 19 anos, não começou de miúda, mas desde que comecei a trabalhar nesta área que a dedicação tem sido total.

Que objetivos tem para o futuro a nível profissional que ainda lhe faltem concretizar?

Não tenho uma meta a atingir. Há atores que têm o sonho de ter uma carreira internacional, eu não. Não é algo que eu sinta em mim. Tenho sim uma grande vontade de continuar a ser atriz, de continuar a trabalhar... tenho curiosidade de saber que papéis e que projetos ainda aí vêm. Sou uma atriz de 45 anos, sinto que talvez esteja a meio da minha carreira. Quero continuar a percorrê-lo e saber o que aí vem. Mais do que fazer este ou aquele projeto, interessa-me saber que personagens é que vou interpretar.

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