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"Dificilmente haveria um projeto de televisão que me tirasse da rádio"

Estivemos à conversa com Rodrigo Gomes, radialista da RFM e repórter na RTP1.

"Dificilmente haveria um projeto de televisão que me tirasse da rádio"

Rodrigo Gomes é um dos radialistas mais acarinhados pelo público. Todos os dias podemos encontrá-lo com a sua boa disposição no programa 'Wi-Fi', da RFM. Na televisão, também já criou a sua marca. É repórter do programa 'Faz Faísca', na RTP1, e já apresentou outros formatos, nomeadamente o 'Jogo da Caixa'. 

Este ano, tornou-se oficialmente um quarentão, data que há muito era aguardada pela mãe, como partilhou com o Notícias ao Minuto, entre risos.

Pai de dois filhos, não podia ser mais orgulhoso dos seus "putos", mas isto não o impede de ocupar o lugar de "polícia mau" lá em casa.

Fique a conhecer um lado mais pessoal de Rodrigo Gomes. 

Como é que conseguiu encontrar inspiração para a música de Natal deste ano da RFM?

O Natal é igual todos os anos e parte da magia é essa. Este ano apoiamo-nos nas novas realidades, como é o caso da vacinação e do certificado digital. Isso também serviu de inspiração: até que ponto precisaríamos de um certificado digital para entrar nas nossas próprias casas e passar o Natal em família?

Como é que se gerem as expectativas quantos aos resultados? Até porque depois há a concorrência de outras rádios. 

É óbvio que penso na concorrência e que fico expectante para ver o que vão fazer, mas a verdade é que o caminho da RFM está traçado há muito tempo e fazemos sempre as coisas a pensar em nós e não na concorrência. 

O que mais me preocupa é: e se a concorrência escolher a mesma música para parodiar do que nós? Até hoje nunca aconteceu e espero que nunca aconteça [risos]. 

E em casa do Rodrigo? Como é que vai ser o Natal?

Este ano vai ser com os meus pais. No grupo da família já falamos todos em fazer testes no dia 23. Como sou casado, a noite de 24 normalmente um ano é em casa dos meus sogros, outro ano é na dos meus pais. 

Há alguma tradição só vossa?

Normalmente vamos para casa dos meus pais e esperamos pelos presentes. Escondemo-nos no quarto para o Pai Natal vir e pôr os presentes na árvore. Em minha casa o Pai Natal nunca foi visto. O meu pai nesse momento, curiosamente, tem um ataque de bexiga e tem de ir fazer xixi. É sempre, é ridículo... [diz, em tom de brincadeira]. 

E o que gostaria de ter no sapatinho este ano?

Não espero nada. Eu e o meu pai temos esse problema, aquilo que queremos nós temos. Não que sejamos ricos, mas não me falta nada. Até tenho saudades dessa magia de quando era puto. Hoje em dia só quero que os miúdos se divirtam. 

Mas os filhos devem ter pedidos bem específicos...

Sim, sim. O Tristão quer uma Nintendo Switch e uns óculos de 'ralidade' virtual, que ele não diz realidade. O Bernardo, que é o mais velho, está há um ano à espera da Playstation 5, porque simplesmente não há.

Estamos aqui perante um Rodrigo 'quarentão'. Já começa a sentir o peso da idade?

Não, mas neste momento em que estamos a falar posso dizer que por causa do ténis e do padel tenho aqui uma dor no ombro direito e fui vacinado no ombro esquerdo, portanto neste momento parece que não tenho asas. Honestamente, nem consigo materializar o número 40 na minha cabeça. Continuo a ser um adolescente, um adolescente mal disposto.

Só quando fui pai, em 2015, é que pensei que a minha vida devia deixar de ser um passatempo e que iria focar-me na minha carreira.Conseguiu concretizar tudo aquilo que desejava para os seus 'trintas'? 

Nunca tive expectativas na minha vida, para ser sincero. Fui fazendo as coisas que me foram divertindo e fui conseguindo alcançar. Só quando fui pai, em 2015, é que pensei que a minha vida devia deixar de ser um passatempo e que iria focar-me na minha carreira. Foi nessa altura que deixei a produção de rádio e comecei a ir ao microfone e a dar voz a um programa de rádio, na RFM, onde já trabalho desde 2004. 

Foi aí que pensei em expor-me, porque o trabalho de bastidores em produção não te dá o retorno das pessoas reconhecerem quem faz o quê. Percebi que as pessoas viam outras capacidades em mim e que eu gostava de as explorar, como por exemplo, ser repórter do 'Faz Faísca', ou apresentar o 'Jogo da Caixa' na RTP. A vida foi-me acontecendo. Quando era pequeno nunca sonhei que ia trabalhar em televisão.

A primeira coisa que quis ser foi ladrão, porque me fascinava a roupa dos ladrões na televisão.

O que queria fazer quando era pequeno?

A primeira coisa que quis ser foi ladrão, porque me fascinava a roupa dos ladrões na televisão, como a camisola de gola alta preta e tudo muito escuro. Depois na altura era muita famosa uma série - 'As Teias da Lei' - e quis ser advogado. Migrei do ser ladrão para ser advogado, interpretem isto agora como quiserem. 

Depois comecei a interessar-me por música e com 14 anos tive o meu primeiro programa de rádio, numa rádio local no Bombarral, em que a minha vontade era mostrar músicas ao pessoal. 

Quanto chego à RFM, percebo que já não cabe ao locutor de rádio mostrar música, porque há uma playlist. Descobri a produção de rádio. O produtor de rádio é uma pessoa que vai buscar o café para os convidados e que escreve os guiões, é também guionista. Fui descobrindo o que gostava de fazer. Sempre fui palhaço, gostava de fazer as pessoas rir e era criativo. 

Tive a oportunidade de fazer um estágio na rádio Renascença como jornalista, só que era um trabalho demasiado sério e rapidamente percebi que não nasci para aquilo.

Mas chegou a entrar para a faculdade...

Sim, tal como a maioria das pessoas naquela altura entrei para ter um curso e fui fazer Jornalismo. Quando acabei o curso, tive a oportunidade de fazer um estágio na rádio Renascença como jornalista, só que era um trabalho demasiado sério e rapidamente percebi que não nasci para aquilo. Mas os meus colegas na Renascença, a quem agradeço sempre, viram em mim que tinha algum ímpeto criativo que podia ser útil na parte da produção. 

Quando chegou a animador não o assustou o lado da exposição?

Nunca pensei nisso, porque corremos o risco de sermos mal interpretados ou de dizermos alguma barbaridade que vem da ignorância. Ter uma escola de 14 anos na RFM deixou-me blindando. Há muitos caminhos que já sei que não preciso de fazer. 

Ainda há aquele nervoso miudinho antes de entrar no ar ou já se sente tranquilo?

Não há, porque tenho a sorte de fazer rádio com dois dos melhores animadores do país: Joana Cruz e Daniel Fontura. Com eles tudo me é possível. Tenho muita responsabilidade criativa no 'Wi-Fi', faço as letras das paródias, penso como vamos gravar, muitas vezes sou eu que edito os vídeos. Não tenho medo de apresentar uma ideia porque sei que com eles é tudo possível. 

E na televisão sente a mesma tranquilidade?

Tive de me habituar, mas estou cada vez mais tranquilo nessa pele. Lembro-me de uma vez que fui fazer para a RTP a cobertura do 'Marés Vivas', o festival de música. Naqueles dias entrevistava seis ou sete bandas por dia, não tinha muito tempo para preparar e muitas dessas entrevistas eram em direto para a televisão. Estava com receio, porque era a minha primeira vez e gosto que as minhas entrevistas contem uma história e construam um imaginário engraçado. 

A minha mãe, como é a pessoa que melhor me conhece, imaginou-me naquele dia, sentiu que eu não estava bem e ligou-me. Ela disse: 'Não tens de estar nervoso, tens de fazer aquilo que fazes melhor que é falar com as pessoas como se estivessem em tua casa'. A partir daí fui falar com todos os entrevistados como se estivessem em minha casa. Foi um grande conselho. 

. Faço qualquer coisa e eles ligam-me a dizer onde estive bem e mal na opinião deles. O pai e a mãe são os seus maiores fãs?

Os meus pais são os meus maiores críticos e ainda bem. Faço qualquer coisa e eles ligam-me a dizer onde estive bem e mal na opinião deles. São sempre bons barómetros.

Como reagiram quando escolheu esta carreira?

Os meus pais queriam completar a responsabilidade deles, que era dar ao filho uma educação. A escolaridade obrigatória na cabeça deles era a faculdade, a partir daí fui sempre livre de fazer as minhas escolhas, os meus pais nunca me pressionaram em nada. Às vezes diziam-me que eu estava a beber um bocado demais, mas isso era parte da função deles enquanto pais [nota, rindo-se]. 

Ainda lhes deu algumas arrelias?

Dei algumas na medida em que chumbei uma vez a uma cadeira na faculdade e precisei de ter explicações a matemática na escola secundária. Os meus pais tinham aquele discurso do 'a tua obrigação é ter boas notas, não te pedimos mais nada'. Mas nunca andei nas drogas, nunca fui problemático.

Eu passo o dia a dizer para não andarem descalços. Tornei-me nos meus pais, pareço um cantor de axe a dizer 'tira o pé do chão'.E desde que foi pai passou a perceber melhor as lições que lhe deram?

Eu passo o dia a dizer para não andarem descalços. Tornei-me nos meus pais, pareço um cantor de axe a dizer 'tira o pé do chão'. Ou passo o dia atrás deles a dizer para lavarem os dentes. Inevitavelmente vamos transformarmo-nos no exemplo que tivemos em casa, passo os dias a dizer aos meus filhos aquilo que os meus pais me diziam. 

Quando completou 40 anos deixou uma mensagem de agradecimento aos pais pelos valores que lhe passaram, entre eles a humildade. Isto sempre fundamental?

Sim, mas depois vinha algo a seguir... A minha mãe fez questão de me lembrar que eu já estava velho, porque tinha 40 anos. São sempre aquelas pessoas que me colocam os pés na terra e não me deixam entrar em grandes devaneios. 

A minha mãe contou-me que quando fez 40 anos eu disse-lhe que estava velha e ela estava há 20 anos à espera que eu fizesse 40 anos para poder dizer-me o mesmo.

Mas sim, os meus pais são um grande exemplo para mim. Nunca me falharam com nada. Gostava que toda a gente tivesse uns pais como os meus, porque são pilares essenciais na vida.

"Sou casado, tenho dois miúdos, o que faz de mim um gestor de sensibilidade a full time", escreveu uma vez no Facebook. Pode-nos explicar melhor isto?

O meu full time é gerir sensibilidades e isso já vem dos tempos em que era produtor de rádio. Em casa é a mesma coisa. O meu filho não gosta de ir para a escola e eu também não gostava. A verdade é que sou um gestor cada vez pior e com menos paciência à medida que o tempo vai passando [confessa, não disfarçando o riso].

Eu sou o polícia durão, tenho de andar atrás deles. Sendo que, a mãe é uma excelente mãe, não falha nada, só que é o lado macio desta relação.Como é o Rodrigo enquanto pai?

A mãe é super fixe, eles adoram a mãe e a mãe é que é, faz-lhes as vontades todas e oferece presentes. Eu não, sou o oposto. Aquilo que as pessoas me conhecem na rádio e na televisão, em casa não sou assim. Sou um pouco autoritário. Isto é como nos filmes em que há o polícia bom e o polícia mau. Eu sou o polícia durão, tenho de andar atrás deles. Sendo que, a mãe é uma excelente mãe, não falha nada, só que é o lado macio desta relação.

Quais são os maiores desafios com que está a lidar em relação à educação dos filhos?

O Tristão está com algumas dificuldades de adaptação na escola. É o 1.º ano, ele tem seis anos, e está a ser duro para mim e para a mãe e sobretudo para ele, que está a passar por coisas que não são bonitas na escola. Não se relaciona, não está a conseguir fazer amigos. Tem sido o único lado mais sombrio na vida do Tristão. De resto, não há nada que não se revolva. Eles também são miúdos incríveis... espero que não leiam isto [acrescenta, rindo-se]. 

Este também foi um ano de outras conquistas... comprou uma casa nova?

Comprei. A outra já era muito pequena. Precisávamos de evoluir e comprar uma casa maior. Tivemos de sair de Lisboa, mas estamos muito felizes. Estamos num sítio onde o meu filho brinca na rua com outros meninos e isso deixa-me muito feliz. 

E em relação à decoração? Há consenso?

Sei que no final do dia é tudo à maneira da Lara, mas também gosto muito de decoração. Muitas vezes os nossos gostos cruzam-se e ficamos muito contentes com os resultados. 

No outro dia na rua disseram-me: 'gosto muito do seu trabalho, Salvador Martinha'. Mudando de assunto. Já o compararam algumas vezes com o João Manzarra, isso incomoda-o?

Não me incomoda, não me afeta, diverte-me. No outro dia na rua disseram-me: 'gosto muito do seu trabalho, Salvador Martinha'. Também já acharam que era o Raminhos. Isto só me diz que tenho de continuar a trabalhar para as pessoas conhecerem o meu trabalho.

Na sua carreira também já teve a oportunidade de falar com grandes estrelas, como é o caso de Dwayne Johnson. Nessas situações fica muito nervoso?

É um pouco complicado, porque essas entrevistas são conduzidas em inglês, que não é a minha língua nativa, e porque eu esforço-me mesmo para que as entrevistas tenham uma narrativa. 

Eu não sinto a obrigação de fazer uma entrevista ao The Rock para o dar a conhecer às pessoas, porque as pessoas já o conhecem. Vou ali para desconstruir. O tempo é limitado e muitas vezes as minhas entrevistas são castelos de cartas em que se falho uma pergunta, a ligação para a pergunta a seguir já não vai funcionar tão bem. É uma espécie de peça de teatro em que não posso falhar o texto, porque se falhar, fica estranho. Tenho três minutos e acabou. Nesse aspeto é um bocado tenso. 

Qual era a estrela que gostaria de entrevistar?

Sou completamente maluco pelos filmes da Marvel, são 20 anos de telenovela. Qualquer Avenger, o Chris Evan, o Chris Hemsworth... na música, por exemplo, o Bruno Mars. 

Dificilmente haveria um projeto de televisão que me tirasse da rádio.Era capaz de trocar a rádio pela televisão se lhe fizessem essa proposta?

A rádio é o meu amor, a minha casa, neste caso a RFM. A rádio é um meio que se adapta, desde sempre, está cada vez mais fortalecida. Dificilmente haveria um projeto de televisão que me tirasse da rádio. Imagine-se que agora ia fazer um programa de televisão muito importante para a minha carreira e era preciso ir fazer seis meses de gravação para fora de Portugal, tenho a certeza que a RFM iria permitir que eu tirasse uma licença sem vencimento e que não me ia toldar a possibilidade de abraçar esse projeto. 

Hoje há imensas alternativas... porque é que as pessoas ouvem rádio?

Ouvem rádio pela magia do direto e isto não é clichê. Todas as plataformas nas redes sociais têm lives. A rádio tem cada vez mais as pessoas a participar em tempo real. Estamos constantemente a pôr a voz das pessoas na rádio. Este pulsar na relação entre os animadores e as pessoas é insubstituível. 

É este sentimento de que a rádio está viva que faz com que as pessoas não desliguem. As pessoas estão envolvidas numa comunidade em direto. Acha-se que a rádio é mais ouvida nos carros e é verdade, mas não imagina a quantidade de mensagens que recebemos de pessoas que estão em casa a ouvir rádio em família enquanto põe a mesa, por exemplo. Isso é mágico.

É fácil ser meu amigo, não demoro nada a conquistar, sou uma pessoa muito aberta. É fácil ser amigo do Rodrigo?

É fácil ser meu amigo, não demoro nada a conquistar, sou uma pessoa muito aberta. Agora terias de perguntar aos meus amigos, porque não sei o pensam sobre mim. Sei que sou uma pessoa muito obstinada, teimosa e persistente, mas são aqueles defeitos que acabam por ser qualidades. Se estiveres na rua e falares comigo eu vou parar para falar contigo. 

E o que o tira do sério?

Sei o que me tira do sério, mas ainda não consigo pôr por palavras. É a incoerência. Temos isto para fazer, porque é que não está feito? 'Porque estava net em casa. Estavas sem net em casa, falavas isso e resolvíamos o problema'. É uma forma de estar. Talvez seja a falta de profissionalismo.

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