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Violência, cancro e separação dos filhos: A dura vida de Jennifer Silva

A ex-concorrente do 'Hell's Kitchen' esteve à conversa com Júlia Pinheiro, esta quinta-feira, 22 de abril.

Violência, cancro e separação dos filhos: A dura vida de Jennifer Silva
Notícias ao Minuto

18:54 - 22/04/21 por Notícias ao Minuto

Fama Hell’s Kitchen

O programa 'Júlia' recebeu a ex-concorrente do 'Hell's Kitchen' Jennifer Silva. Um momento cheio de emoções fortes que levou a participante do formato - apresentado por Ljubomir Stanisic, na SIC - a partilhar a sua história.

Afastada dos filhos há cerca de um ano, Jennifer vive atualmente com a família do novo companheiro em Portugal enquanto os meninos, um com oito anos e outro com quatro, estão com o pai em Cabo Verde.

Nasceu na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e apenas conheceu o seu pai aos quatro anos, uma vez que o mesmo se separou da mãe quando tinha dois anos.

Com uma mãe “jovem”, esta esteve muito “ausente” durante a sua infância, tendo sido criada inicialmente pela avó. Passava férias com o pai, mas houve um dia que foi para junto do progenitor e nunca mais voltou para casa da mãe.

Senti-me abandonada. Perguntava sempre pela minha mãe. Ao início falava com ela ao telefone, mas nunca falei com a minha avó. Um dia recebi a notícia que a minha avó tinha morrido e fiquei sem me despedir dela. Fiquei com o meu pai e a minha madrasta. Foi péssimo porque o meu pai bebia muito e sentia que a minha madrasta descarregava a sua raiva em mim. Não gostava que eu falasse na minha mãe, e houve uma certa altura que deixei de receber chamadas dela. Fiquei algum tempo sem falar com a minha mãe”, recordou.

Começou a trabalhar desde criança. Aos dez anos que era obrigada pela madrasta a carregar água desde as 5h da madrugada até às 8h, hora em que ia para a escola. “O que mais me doía é que ela ficava deitada com o meu pai e eu ia sozinha, andava quilómetros atrás da água. Isso marcou-me muito”, desabafou.

A madrasta batia-lhe e hoje ainda “tem marcas” desses momentos, como confessou a Júlia Pinheiro. “Fazia de tudo para ela não me bater, mas era tão má que às vezes estava a dormir e ela vinha-me bater. Eu não me podia deitar de uma certa forma porque ela dizia que uma menina não se podia deitar assim. Uma pessoa quando está a dormir não sabe como é que está deitada. Sentia palmadas fortes para me virar de lado e deitar-me direita”, contou, acrescentando que a madrasta também a chegou a ameaçá-la que “se contasse tais episódios ao pai ou à mãe, iria fazer-lhes mal”

Aos 15 anos saiu de casa e foi viver com a irmã da madrasta, de quem recebia muito apoio. “Confiava nela porque dava-me sempre conselhos. Agradeço-lhe até hoje porque além de ter sido mãe solteira de cinco filhos, recebeu-me em sua casa de braços abertos. Protegeu-me”, destacou. E foi com esta pessoa próxima que descobriu a paixão pela cozinha, com quem viveu durante dois anos.

Entretanto, conseguiu voltar a restabelecer a ligação com a mãe e foi viver com a progenitora até conhecer e ir para junto do pai dos filhos.

Aos 21 anos começou a namorar com o agora ex-marido, e foi mãe pela primeira vez aos 24. “Fui feliz com este homem até um certo dia. Ele era polícia, as armas nunca devolvia à esquadra, levava para casa. Um certo dia começou a ameaçar-me. Tinha uma espada guardada e ameaçava-me com a espada. Já era mãe do primeiro filho. Tive muito medo. Houve um certo dia que ele me bateu e eu gritei tão forte que centenas de pessoas se juntaram à porta de casa e ninguém teve a coragem de abrir a porta”, lembrou. 

Nesse dia, apesar dos vizinhos não terem feito nada, algumas pessoas que moravam mais longe acabaram por chamar a polícia. Quando as autoridades chegaram ao local, o então marido “obrigou-a a tomar banho e a deitar-se na cama”, fingindo que estava tudo bem. “Nesse dia, quando a polícia entrou em casa, eles nem me perguntaram o que é que se tinha acontecido. Falaram com ele, eram colegas dele, e foram embora. Percebi que ninguém me ia defender”, explicou. 

Apesar deste episódio marcante, Jennifer continuou a viver com o marido e acabou por se aventurar depois numa escola de hotelaria, onde tirou o curso de pasteleira. Fez estágio na ilha do Sal e criou o seu próprio negócio que foi um sucesso. 

Em 2016 foi mãe pela segunda vez, e foi numas férias com os filhos em Portugal que foi diagnosticada com cancro da mama. Nessa altura estava em casa da tia do então marido.

Jennifer teve de ser operada e o companheiro da altura veio para Portugal para ficar a cuidar dos filhos. Alugaram uma casa e mesmo estando a recuperar da cirurgia e não sendo aconselhado a trabalhar, Jennifer viu-se obrigada a voltar a arranjar emprego para pagar as despesas da casa, pois o companheiro dizia que apenas ajudava com os custos em relação aos filhos. 

Chegava a casa de madrugada por causa do trabalho, o que levou a que o pai dos filhos começasse a sentir “ciúmes”. “Em Cabo Verde trabalhei sempre em casa, aqui já não, trabalhava fora, chegava tarde… Começou a mostrar aquela verdadeira pessoa que já tinha conhecido há anos atrás. Ele foi muito insensível”, partilhou, contando ainda uma frase que a marcou quando foi operada ao cancro da mama. 

No momento de intimidade, o pai dos filhos viu-a sem camisola e disse-lhe: “Vira-te de costas porque isso mete-me nojo”, referindo-se ao dreno que tinha após a operação. 

Sem apoio, Jennifer acabou por conhecer uma pessoa no trabalho e não hesitou em abrir o seu coração. “Sentia-me tão triste e tão em baixo que achava que nunca mais iria encontrar uma pessoa que quisesse relacionar-se comigo. E quando encontrei essa pessoa, entreguei-me de cabeça, não tenho vergonha de o dizer. Porque senti-me protegida nesse momento”, realçou. 

Já separada do pai dos filhos, legalizou-se em Portugal mas não conseguiu o mesmo fim para os meninos. As crianças ficaram a viver com o pai enquanto se mudou para um quarto.  

“Como recebia um cartão com o subsídio de alimentação, deixei o cartão com ele [ex-marido], mas como não dava para levantar dinheiro, ele já não queria o cartão, queria dinheiro. Eu fazia compras todos os meses e levava aos meus filhos, e ele mandava-me mensagem a dizer que caso aparecesse, teria algo à minha espera lá dentro. Já ia e só ficava nas escadas do prédio”, disse. 

Foi muito triste. Deixei os meus filhos porque eu trabalhava de dia e à noite para os sustentar. Eu é que paguei o meu tratamento porque não tinha nenhum apoio”, acrescentou. 

Com as constantes ameaças do pai dos filhos, começou a ficar cada vez mais afastada dos meninos.

Entretanto, o ‘ex’ foi trabalhar de novo para os Estados Unidos e os meninos ficaram aos cuidados da tia do mesmo. Jennifer foi informada pelo agora antigo companheiro e foi depois buscar as crianças. No entanto, viu-se obrigada a mandar os filhos para Cabo Verde para ficarem aos cuidados da avó. 

“Não tinha ninguém que ficasse com eles à noite e tive de os mandar para casa da minha mãe. Ficaram a viver com ela durante um tempo”, contou, referindo que os meninos acabaram por ir viver de novo com o pai e desde então que não vê as crianças.

Há dias que não durmo. Estou sempre a pensar neles. Entrei em contacto com a ICCA (Instituto Caboverdiano da Criança e do Adolescente) e eles só me responderam depois de eu ter aparecido no concurso. Já marcaram dias para falar com os meus filhos, terças e quintas. No dia 8 o meu filho fez anos e eu liguei, mas ninguém atendeu. Na quinta liguei, ele atendeu, e a primeira coisa que perguntei foi se estava com saudades e ele disse muitas. Quando passou o telefone para o mais pequeno, ele já nem reconhecia a minha voz - porque o pai não liga a câmara para eu falar com os meus filhos”, realçou. 

Jennifer vai continuar em Portugal porque o seu cancro é “genético” e tem de ser acompanhada de perto por profissionais de saúde. Continua em tratamentos e quer muito trazer os filhos para Portugal. 

Atualmente desempregada, com 31 anos, Jennifer vive com a família do novo companheiro e quer abrir um restaurante.

“Ele [atual companheiro] vive no Luxemburgo, eu agora vivo com a mãe dele que me trata super bem, o pai e a irmã. A mãe dele chama-me de princesa, eu faço de tudo para agradar a mãe dele. Ela tem sido o meu suporte”, frisou. 

Leia Também: 'Hell's Kitchen'. Ljubomir Stanisic surpreende ao eliminar 3 cozinheiros

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