A comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, admitiu na segunda-feira a possibilidade de o Estado português manter 25% do capital do Novo Banco, mas apontou que então deverá assumir outros compromissos, escusando-se a especificar quais.
Em declarações à agência Lusa, Rute Pires, membro da direção do Sindicato de Trabalhadores da Atividade Financeira (SINTAF) disse que a estrutura sindical vai continuar a defender o banco na esfera pública e o fim do fecho de balcões.
"Ainda não temos dados concretos. Oficialmente não nos foi comunicado nada, mas vamos continuar a defender a não redução de pessoal, o não fecho de balcões. Neste momento o Novo Banco já foi bastante afetado pelo processo que está em curso de rescisões voluntárias e reformas antecipada", disse.
De acordo com Rute Pires, está previsto o encerramento de mais balcões até junho e isso é excessivo para aquilo que o banco necessitaria para estar enquadrado no mercado".
"Mais uma vez são sempre os mesmos a pagar. Não estaremos nunca de acordo que alguma das contrapartidas negociadas passe pela redução de pessoal e mais uma vez corte de direitos", disse, referindo que o SINTAF vai aguardar por mais informações e pelo fim das negociações.
Rute Pires disse ainda à Lusa que o SINTAF está preocupado com o Novo Banco, mas também com o Caixa Geral de Depósitos e o Montepio.
"Aliás preocupa-nos que a banca ainda com capital nacional esteja de alguma forma a ser cada vez mais castigada e a diminuir a sua atividade em Portugal, dando espaço e a primazia aos mega bancos estrangeiros, nomeadamente europeus", disse.
Segundo Rute Pires, esta atitude demonstra submissão por parte do Governo perante as imposições da direção da concorrência e da Comissão Europeia.
"São os trabalhadores bancários, as suas famílias e a economia nacional que saem prejudicados", concluiu.
Numa conferência de imprensa em Bruxelas, Margrethe Vestager, questionada sobre notícias que apontam para a hipótese de a Comissão permitir que um quarto do capital do Novo Banco se mantenha no setor público, mas sob a condição de o Estado ficar fora da gestão do banco, disse que o executivo comunitário admite estudar alterações ao compromisso inicial (de venda de 100% do Novo Banco), mas salientou que a solução final deve ser "equilibrada".
Na passada sexta-feira, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse que as negociações para a venda do Novo Banco estão a evoluir a "bom ritmo", considerando que há "condições para o acordo", embora ainda não esteja fechado.
Desde fevereiro que o Governo está a negociar a venda do Novo Banco em exclusivo com o fundo norte-americano Lone Star.
Já na quinta-feira, o Governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, revelou no parlamento que prosseguem as negociações exclusivas com o fundo norte-americano Lone Star para a venda do Novo Banco, realçando a complexidade do processo.