Na nota mensal sobre a dívida pública, a que a agência Lusa teve hoje acesso, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) calcula que o rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB), na ótica de Maastricht (a que conta para Bruxelas), tenha ficado entre os 132,7% e os 133,7% até ao final de setembro, o que significa que o valor central da previsão fica nos 133,2%.
No entanto, os técnicos independentes que apoiam o parlamento indicam que esta estimativa "está dependente da hipótese assumida quer para a taxa de crescimento do PIB real, quer para o deflator do PIB".
De acordo com a UTAO, "a confirmar-se [esta projeção], regista-se um acréscimo face ao valor provisório da dívida pública no final do primeiro semestre (131,7% do PIB), sendo este valor superior ao previsto para o final do ano pelo Ministério das Finanças (129,7% do PIB)".
Os economistas referem ainda que há fatores positivos e negativos à evolução da dívida face ao PIB até ao final do ano.
Do lado dos "fatores que podem contribuir para uma aproximação à projeção do Ministério das Finanças", a UTAO aponta "a amortização da Obrigação de Tesouro (4,1 mil milhões de euros em outubro de 2016), por contrapartida da redução dos depósitos da administração central".
No entanto, há "riscos que concorrem negativamente para a referida projeção oficial, designadamente a não concretização das projeções para o crescimento económico nominal em 2016 (3,2%)", acrescenta a UTAO, recordando que as projeções da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional apontam para um crescimento nominal do PIB inferior, de 2,8% e de 2,7%, respetivamente.
Quanto à dívida líquida de depósitos da administração central, a UTAO indica que esta "terá atingido 121,6% do PIB no final do terceiro trimestre", o que equivale a "um decréscimo de 0,2 pontos percentuais face ao primeiro semestre".