O que enlouquece um Nobel da Economia? "O fetiche do défice"

Um dos mais famosos pensadores económicos do mundo tem uma mensagem muito clara para os mercados: "Se está a criar-se passivo para aumentar os ativos, então são bons investimentos".

Primeiro-ministro almoça com o economista Joseph Stiglitz em São Bento

© Reuters

Bruno Mourão
22/10/2016 08:38 ‧ 22/10/2016 por Bruno Mourão

Economia

Joseph Stiglitz

A crise financeira criada pela queda do Lehman Brothers em 2008 gerou nos mercados mundiais uma vaga de preocupação com as dívidas públicas nunca antes vista. Como estratégia para lidar com o desequilíbrio entre produção e endividamento, a austeridade mostrou uma face particularmente visível na Europa, onde casos como Portugal, Grécia e Irlanda se tornaram exemplos a não seguir pelo resto do mundo. 

Para Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, esta avaliação dos mercados tornou-se um autêntico "fetiche do défice" e em entrevista ao Business Insider, explica porquê: "Ninguém olharia para uma empresa e diria: Olhem para a dívida que esta empresa tem" 

"Qualquer pessoa perguntaria: Quais são os ativos? Qual é o passivo? Qual é o valor líquido? Mas não sei porquê, quando se chega aos Estados, ninguém pergunta o mesmo. Ficam preocupados se o governo aumenta a dívida, mesmo que seja para investir em infraestruturas, nas pessoas e em tecnologia que faça crescer o país", refere o economista norte-americano. 

O antigo conselheiro de Bill Clinton para a política económica garante que a dívida deve sempre ser vista em contraponto com a criação de ativos de futuro e um elevado peso do endividamento não significa necessariamente um desequilíbrio económico: "Se está a criar-se passivo para aumentar os ativos, então são bons investimentos". 

"Tendo em conta que agora os Estados conseguem financiamento a taxas muito perto de zero, com a inflação a 1% ou 2%, investir dá um retorno real de 20% ou 30%. É disparatado não fazer esses investimentos", assegura Stiglitz. 

O Nobel da economia vai ainda mais longe e deixa uma mensagem especial para os analistas e estrategas de Wall Street: "Quando vejo supostos especialistas financeiros que não percebem nada de economia, isso põe-me louco".

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas