O magnata Steve Wynn prometeu que o seu "Palácio do povo", como lhe chamou por considerar que o hotel de luxo é para todas as bolsas, é "o mais bonito do mundo" e oferecerá uma experiência que fará "pessoas viajarem de todo o mundo" para o conhecer.

Apesar do otimismo, foi só no segundo trimestre do ano que a Wynn registou a primeira subida nas receitas (3,6%), após sete quedas trimestrais homólogas consecutivas. Também a Melco Crown registou uma subida entre abril e junho, mas as restantes operadoras de jogo continuaram a ver as receitas descer e os mais recentes dados indicam que, no geral, as receitas dos casinos caíram 4,5% em julho, em comparação com o mesmo mês de 2015.

O abrandamento das quedas homólogas, que chegaram a ser de 48,6% em fevereiro de 2015, faz antever a aproximação do momento de viragem e analistas têm sido consensuais em afirmar que as receitas dos casinos vão estabilizar no segundo semestre de 2016 e interromper o ciclo de queda, mas discordam quanto ao momento que isso acontecerá, havendo quem aponte já o mês de agosto ou setembro.

Apesar da expectativa de recuperação, a nova vaga de casinos no Cotai -- zona entre a Taipa e de Coloane quase exclusivamente dedicada ao jogo -- vai abrir com menos mesas de jogo do que gostaria. Wynn, que desejava 400 no novo complexo, só teve autorização para 100 este ano, e mais 50 até 2018.

Das 350 mesas que passarão a estar disponíveis para os jogadores na segunda-feira, apenas 50 a 60 serão para o jogo VIP (grandes apostadores), cerca de um terço das que existiam no Wynn Macau no segundo trimestre do ano.

O Wynn Palace oferece 1.706 quartos, dez restaurantes, spa e uma zona com 50 lojas de luxo, além de serviços para banquetes e convenções. As flores são o tema comum do 'resort', com dois carrosséis nas entradas do edifício totalmente cobertos por 186 mil flores frescas.

Em torno de um lago, no exterior, circula um teleférico que pode transportar 1.200 pessoas por dia. O 'resort' conta ainda com várias peças de arte, nas quais foram gastos 100 a 150 milhões de dólares.

Durante a apresentação do novo projeto, na quarta-feira, Steve Wynn desvalorizou a situação do setor e disse mesmo gostar "mais do mercado assim" por ser "um mercado mais normalizado".

Apesar dos mais de dois anos de quedas de receitas, todas as operadoras de jogo mantiveram os planos para abrir novos complexos em Macau -- duas já o fizeram em 2015 (Galaxy e Melco), duas abrem portas este ano (Wynn e Sands), uma (MGM) inaugura em 2017, e outra (Sociedade de Jogos de Macau) fecha a corrida, em 2018.

Ainda em setembro, a Sands China vai abrir, no dia 13, um novo 'resort' com casino e uma réplica da torre Eiffel (com metade do tamanho da original), o Parisian.

"Não tenho sombra de dúvida de que The Parisian Macao irá replicar o sucesso do The Venetian Macao, como mais um 'resort' integrado icónico e uma visita obrigatória dos visitantes", disse no final de julho o dono da Sands China, Sheldon Adelson, referindo-se àquele que é até agora o maior casino do mundo e uma réplica da cidade de Veneza.

O Parisian, que terá 3.000 quartos, faz parte da segunda fase do mais recente 'resort' com a assinatura da Las Vegas Sands, o Sands Cotai Central, inaugurado em abril de 2012, e fruto de um investimento global de 4,4 mil milhões de dólares (3,4 mil milhões de euros).

Em 2017, depois de adiamentos, prevê-se a abertura do MGM Cotai. A operadora, que resulta de uma parceria entre Pansy Ho, filha do magnata Stanley Ho, e a empresa norte-americana MGM Resorts, disse em fevereiro que o orçamento para a construção do projeto se mantinha em 24 mil milhões de dólares de Hong Kong (2,7 mil milhões de euros).

O último da nova vaga de casinos, agendado para 2018, é o projeto da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), que conta inaugurar o Grand Lisboa Palace, o seu primeiro projeto no Cotai, num investimento anunciado equivalente a cerca de 2,8 mil milhões de euros para o espaço de hotelaria e jogo, em que 90% dos 521.435 metros quadrados de construção seriam dedicados a serviços extrajogo.

O projeto previa três hotéis, com um total de cerca de 2.000 quartos, incluindo um de Karl Lagerfeld e outro, o 'Palazzo Versace Macau', resultante de uma parceria com a designer Donatella Versace.