Impostos indiretos: Uma arma secreta que cortou o défice para metade

Os dados dos primeiros cinco meses de 2016 dão nota de um cumprimento assinalável dos objetivos definidos pelo Governo. Aposta na redução dos impostos diretos foi acompanhada de um aumento considerável na cobrança de taxas fiscais indiretas.

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Bruno Mourão com Elsa Pereira
28/06/2016 08:46 ‧ 28/06/2016 por Bruno Mourão com Elsa Pereira

Economia

DGO

Durante os anos de influência direta internacional na governação portuguesa, através da troika e do respetivo programa de resgate, a estratégia orçamental foi assumida com clareza: cortes nas despesas do Estado, menos serviços públicos e mais impostos sobre  rendimento, as faces mais visíveis da famosa austeridade. 

O projeto de governação foi mantido até ao final do primeiro Governo PSD/CDS-PP, mas após o bloqueio da Esquerda parlamentar ao segundo mandato de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, o Governo de iniciativa socialista assumiu a vontade de apostar em políticas económicas muito diferentes. 

Nos primeiros quatro meses deste ano, a decisão de apostar num Orçamento de devolução de direitos e alteração da política fiscal parecia dar os primeiros sinais animadores e no final de maio, os dados são ainda mais claros. Somados os primeiros cinco meses de 2016, o défice caiu para 395 milhões de euros, menos de metade do valor registado no mesmo período do ano anterior. 

Apesar de um comportamento desapontante da despesa (cresceu 0,1% quando se previa qe descesse), o Governo pode contentar-se com um aumento da receita acima de todas as expectativas, consequência de uma mudança na carga fiscal que permitiu ao Fisco aumentar a cobrança de impostos. 

"O acréscimo da receita fiscal (+3%) resultou do aumento da receita de impostos indiretos (+7,6%), não obstante a contração da receita dos impostos diretos (-3,3%)", explica a Direção-Geral do Orçamento, na síntese de Execução Orçamental. No total a receita com impostos indiretos aumentou cerca de 700 milhões de euros entre janeiro e maio deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto os impostos diretos renderam menos 223 milhões de euros. 

A mudança rumo a uma maior carga fiscal indireta surgiu como uma das bandeiras do Governo de António Costa e, com a descida do IRS e o aumento dos impostos que não incidem diretamente sobre o rendimento, as promessas fiscais têm sido cumpridas. 

"O crescimento da receita de impostos indiretos (+7,6%, resultado igual ao observado no primeiro quadrimestre) deveu-se, em grande medida, ao comportamento evidenciado pelo Imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) (+25,2%) – justificado, em parte, pelo aumento da taxa - e do Imposto sobre o Tabaco (+75%) – explicado pelo efeito normal de baixa introdução no consumo no início do ano económico, que não ocorreu em 2016, devido à entrada em vigor do Orçamento do Estado apenas no final de março." 

Quanto à queda dos impostos diretos, esta "deveu-se ao comportamento da receita do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) (-8,7%) - explicado fundamentalmente pela alteração da tributação dos fundos de investimento em IRC10 - e ao diferente perfil de execução intra-anual da receita da  Contribuição sobre o Setor Bancário e da Contribuição Extraordinária sobre o Setor Energético". "Refira-se, ainda, que a receita do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares decresceu 0,3%, efeito decorrente do menor nível de retenções na fonte de rendimentos de capitais e da redução da sobretaxa", conclui a DGO.

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