Em entrevista concedida hoje à agência Lusa, o presidente do conselho de Administração da MTI - Ferro de Moncorvo, SA, António Frazão, refere que os custos de capital a investir estão escalonados ao longo da vida do empreendimento, com uma previsão de investimento de cerca de 38,5 milhões de euros para iniciar a produção.
"Nesta fase fez-se uma avaliação prospetiva apenas para os primeiros 10 anos do projeto, cujo total, sem correção do custo do capital, será estimado em cerca de 114 milhões de euros", destacou.
Segundo o responsável, nos primeiros cinco anos de exploração a empresa estima que a produção de minério tal-qual (produzido na mina) evolua das 800 mil toneladas do primeiro ano para 1,6 milhões de toneladas no quinto.
"No final destes cinco anos, o total de minério produzido deverá totalizar seis milhões de toneladas, a que a MTI faz corresponder uma percentagem de recuperação em massa de ferro de 90%, resultante do processo de beneficiação do minério, o que se traduzirá numa produção de concentrados de 5,4 milhões de toneladas", adiantou.
Questionado sobre qual será o impacto da exploração de minério de ferro no produto Interno Bruto, António Frazão apontou que o valor anual da produção de concentrados a partir do oitavo ano de produção representará 0,2% do valor total das exportações nacionais e 0,07% do PIB.
"A este relevo económico acresce o efeito multiplicador na economia nacional, regional e local. A receita bruta prevista a partir do oitavo ano (velocidade cruzeiro) será de 143 milhões de Euros/ano, correspondendo 5,72 milhões de euros/ano a receitas para o Estado", contabilizou.
No que respeita à possibilidade de o mineiro de ferro ser convertido no território das minas, o patrão da MTI - Ferro de Moncorvo avança que a transformação do minério em concentrado de ferro (processo de beneficiação) será feita na lavaria, situada junto à área de exploração, e que toda a produção se destina a exportação para as siderurgias europeias.
Referindo-se ao transporte do minério, a Via Navegável do Douro (VND) será sempre uma opção "importante" e, caso venha a ser criado um consórcio internacional para a exploração da VND, "a MTI terá todo o interesse em participar".
Após o abandono do projeto e construção de um mineroduto, prevê-se que na fase inicial do projeto o escoamento da produção seja feito por via ferroviária e rodoviária, dados os atuais condicionalismo da VND.
"A MTI estudou, numa fase inicial do desenvolvimento do projeto, a solução de um mineroduto até ao porto de Aveiro. Esta alternativa veio a ser abandonada, dado que essa solução só seria economicamente viável para níveis de produção muito superiores à capacidade de escoamento do porto de Aveiro", explicou António Frazão.
Atualmente a MTI está a elaborar, em conjunto com a Direção Geral Energia e Geologia, "os termos do futuro Contrato de Concessão de Exploração".
A dimensão futura do empreendimento, do investimento e a complexidade tecnológica do seu funcionamento " recomendam que a futura entrada em funcionamento da exploração mineira decorra no âmbito de um consórcio internacional", concluiu.