Remessas dos portugueses em Angola devem estabilizar em valores mais baixos
A economista-chefe do BPI considerou hoje à Lusa que a queda do valor das remessas de emigrantes portugueses em Angola "era expectável" e antecipou que as verbas estabilizem "num patamar distante do passado recente".
© Reuters
Economia BPI
"Este movimento de queda das remessas refletirá naturalmente uma situação de contenção e maiores restrições na saída de divisas; todavia, atendendo à lenta recuperação dos preços do petróleo dos mínimos alcançados, será de esperar que o volume de remessas estabilize, embora num patamar distante do passado recente", afirmou Paula Carvalho num comentário feito à Lusa sobre a redução de 17% nas remessas enviadas em março e de 15% no total do primeiro trimestre.
Para a economista que dirige o departamento de estudos económicos do BPI, "este recuo, que também se observa noutros países que atravessam dificuldades, como é o caso as remessas vindas do Brasil, era expectável perante a queda significativa do preço do petróleo e as consequências negativas para a economia angolana que, apesar de todos os esforços de diversificação, ainda tem a sua atividade e exportações muito concentradas num só produto, o petróleo".
As remessas enviadas pelos trabalhadores portugueses em Angola caíram 17% em março, contribuindo para que a queda no primeiro trimestre deste ano fosse superior a 15% quando comparada com o período homólogo de 2014.
De acordo com os dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal no boletim estatístico, os emigrantes portugueses em Angola enviaram 19,1 milhões de euros em março, o que compara com os 23,1 milhões enviados no mesmo mês do ano passado, enquanto nos primeiros três meses deste ano, os portugueses enviaram 55,1 milhões de euros, face aos 65 milhões enviados entre janeiro e março de 2014, o que revela uma descida de 15,1%.
A economista-chefe do BPI lembra que "em fevereiro as remessas tinham apenas caído 2%, no trimestre recuaram 15% em termos médios", para defender que "a tendência não parece ser de agravamento, embora haja um nítido recuo face aos valores observados em anos anteriores, nomeadamente tendo por referência o ano de 2013, quando as remessas de Angola alcançaram os valores mais altos".
No total, as remessas dos portugueses no estrangeiro subiram 11,6%, para 786,5 milhões de euros, no primeiro trimestre face aos três primeiros meses de 2014, enquanto as saídas de divisas aumentaram 1,44%, para 122,5 milhões.
Os trabalhadores portugueses no estrangeiro enviaram em março 263,2 milhões de euros, o que perfaz um total de 786,5 milhões de euros, o que compara com os 704,2 milhões enviados nos primeiros três meses do ano passado.
Em sentido inverso, ou seja, envio de remessas dos estrangeiros a trabalhar em Portugal para o seu país de origem, também houve um aumento, mas bastante mais ligeiro: de janeiro a março, os imigrantes enviaram 122,5 milhões de euros, o que revela uma subida de 1,4% face aos 120,7 milhões que tinham enviado no primeiro trimestre do ano passado.
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