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Investimento público tem sido a grande alavanca da investigação

A economista italiana Mariana Mazzucato afirmou hoje que ao longo da História têm sido os Estados através dos orçamentos públicos os principais financiadores da investigação e desenvolvimento e não as instituições de capital de risco.

Investimento público tem sido a grande alavanca da investigação
Notícias ao Minuto

17:08 - 20/04/15 por Lusa

Economia Economistas

As posições desta académica, professora de economia da inovação na Universidade de Sussex, no Reino Unido, foram assumidas durante a conferência "Mais inovação, melhor economia", promovida pelo PS, no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa.

Numa intervenção de cerca de 50 minutos, Mazzucato começou por criticar a excessiva "financeirização da economia", especialmente da indústria, e considerou que existem várias "mistificações" acerca do investimento feito globalmente na investigação e desenvolvimento.

"Há muitos mitos sobre o investimento na inovação", afirmou.

A italiana defendeu um crescimento económico assente numa "maior inovação, menor desigualdade, com mais tecnologia verde e menos especulação" e apontou por diversas vezes os Estados Unidos, a Alemanha ou a Dinamarca como exemplos, criticando os casos da Espanha ou do Reino Unido, onde vive.

"A Espanha está neste momento a crescer, o Reino Unido também, mas não com o tipo de crescimento que queremos, um crescimento de longo prazo. No Reino Unido temos um crescimento assente no consumo a crédito ou em Espanha nos cortes nos custos de trabalho. Estes países não atingirão um crescimento sustentado no longo prazo", afirmou.

Esta especialista em teoria económica da inovação, que tem como uma das principais obras o livro "O Estado empreendedor", procurou desconstruir o que disse ser uma narrativa falsa sobre o papel do Estado no financiamento da investigação, do desenvolvimento e da tecnologia.

A professora universitária apontou os Estados Unidos como exemplo de um dos países onde existe maior financiamento público de projetos ligados às novas tecnologias e ao desenvolvimento científico, em detrimento do capital de risco, "que exige resultados ao fim de três ou cinco anos".

"Olhemos para o Iphone, para os nossos 'smartphones' (...) temos uma biografia de 800 páginas, que eu recomendo, sobre o Steve Jobs [fundador da Apple já falecido] e nem uma é dedicada ao dinheiro público que foi tão essencial para que estes jovens empreendedores pudessem trabalhar de uma forma tão genial e 'surfar' a tecnologia que já existia", afirmou, referindo-se à internet, à tecnologia de GPS ou de ecrãs táteis.

"Quantas vezes ouviram dizer que a Apple e a Google são empresas com lucros que vieram de uma bolsa pública, da National Science Foundation?", interrogou Mariana Mazzucato.

A académica assinalou ainda que nos Estados Unidos "grande parte do financiamento vem por exemplo do Departamento de Defesa" e que "mesmo depois da crise" este país gasta anualmente 31 biliões de dólares em ciência e tecnologia.

Sobre o investimento verde e já depois de ter mostrado vários gráficos, Mazzucato referiu que só os bancos nacionais de Brasil, Alemanha, China e Dinamarca "investem quatro vezes mais do que todo o setor privado mundial".

Antes da intervenção da italiana, o deputado do PS Pedro Nuno Santos afirmou que "ao contrário da direita" os socialistas rejeitam resolver "os problemas da população portuguesa através do empobrecimento".

"Só conseguiremos evitar o regresso dos desequilíbrios se tivermos uma economia mais especializada (...) e não uma intervenção [económica] apenas do lado da oferta, com flexibilização do mercado laboral, dos despedimentos, a liberalização do mercado de bens e serviços e privatizações, essa é uma receita conhecida há mais de trinta anos", criticou.

O vice-presidente da bancada e também líder do PS/Aveiro prestou ainda homenagem a Mariano Gago, ex-ministro da Ciência e falecido na última sexta-feira.

"Mariano Gago merece esta homenagem, foi um homem que deu tanto à ciência em Portugal e que sabia que a política de ciência não se coaduna com a política do para arranca", declarou.

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