O gabinete de estatísticas nacional fez uma análise dos fluxos de comércio internacional de bens com os Estados Unidos, devido à eleição da nova administração dos Estados Unidos no início de 2025, que com a imposição de tarifas aduaneiras às transações provenientes da União Europeia, "tem trazido novos desafios aos Estados-Membros".
No 1.º trimestre de 2025, as exportações com destino aos Estados Unidos recuaram 1,8% face ao período homólogo e, se forem excluídas as transações sem transferência de propriedade, esta diminuição acentua-se significativamente (-13,6%).
Já as importações com origem no mercado norte-americano aumentaram 29,7% face ao mesmo período do ano anterior, nos primeiros três meses do ano.
O INE destaca que, nos últimos anos, as transações sem transferência de propriedade (com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda) -- TTE -- "têm apresentado aumentos significativos, em ambos os fluxos, com alguns países, nomeadamente com os Estados Unidos, sobretudo no fluxo de exportação (+17,7 p.p. de 2018 para 2024)".
Em 2024, as TTE representaram 18,6% das exportações portuguesas para os Estados Unidos, uma diminuição de 2,5 p.p. face ao ano anterior, enquanto nas importações se registou um aumento de 1,7 p.p., para 3,0% em 2024.
No 1.º trimestre de 2025, as exportações TTE com destino aos Estados Unidos atingiram 32,2% e as importações 5,9%.
Quanto aos bens exportados, a análise do INE identifica os fornecimentos industriais como a principal categoria exportada com destino aos Estados Unidos em 2024 (37,7% do total, 2.007 milhões de euros), seguidos pelos combustíveis e lubrificantes (19,4%) e os bens de consumo (18,4%).
Já nas importações, foram os combustíveis e lubrificantes a principal categoria importada dos Estados Unidos em 2024 (54,4% do total, 1 313 milhões de euros), seguida dos fornecimentos industriais (19,1%, 462 milhões de euros).
Os EUA são um dos principais parceiros comerciais de Portugal, sendo que em 2024, mantiveram-se como o 4.º principal cliente e o 9.º principal fornecedor externo de bens a Portugal.
O peso das exportações para os EUA no total das exportações nacionais diminuiu no ano passado em 0,1 pontos percentuais face a 2023, para 6,7%, enquanto o peso das importações aumentou na mesma magnitude, para 2,2%.
Já em 2025, segundo os dados iniciais, os EUA foram o destino de 6,2% das exportações de Portugal e a origem de 2,1% das importações nacionais.
O INE tem também dados relativos ao saldo da balança comercial, sendo que o mais favorável a Portugal foi o que resultou das transações de bens com os Estados Unidos, atingindo 2.904 milhões de euros, embora recuando 83 milhões de euros face a 2023.
"O 1.º trimestre de 2025 apresenta já um saldo positivo de 726 milhões de euros, sendo notória a contribuição das TTE", indica o gabinete de estatísticas.
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