A paralisação foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Sectores Alimentar, Bebidas, Agricultura, Aquicultura, Pesca e Serviços Relacionados (STIAC), e insere-se num conjunto mais alargado de protestos previstos para este ano.
"A principal razão é o descontentamento generalizado com os salários", disse à Lusa o trabalhador Diogo Lopes, referindo que os aumentos aplicados pela empresa "não são discutidos com os trabalhadores e não seguem o caderno reivindicativo apresentado pelo sindicato".
Segundo o trabalhador e membro do STIAC, os aumentos variaram entre os sete e os 100 euros, o que gerou descontentamento entre os funcionários.
Também o trabalhador Vítor Martins acusou a administração de manter uma política salarial "imposta e desigual".
"A empresa quando foi adquirida pela instituição bancária do Estado português mudou completamente a política salarial. Nestes últimos 12 anos perdemos poder de compra, regalias e qualidade de vida", afirmou.
Vítor Martins acrescentou que, embora tenham existido "pequenos aumentos nos últimos dois anos", estes beneficiaram apenas alguns trabalhadores, deixando outros para trás.
"Há trabalhadores com décadas de casa que não são valorizados" sublinhou.
Um dos pontos centrais da greve é o congelamento da contratação coletiva desde 2009.
"A contratação coletiva ou contrato coletivo que se aplica ao setor está parado desde 2009. É enviada sempre uma proposta mas a associação patronal recusa-se a fazer a negociação de um novo contrato", afirmou.
Entre as exigências dos trabalhadores estão o aumento do salário base para 1.000 euros, a valorização do subsídio de turno e de alimentação, o fim da disparidade salarial entre homens e mulheres e o direito a 25 dias úteis de férias.
"É lamentável que, em pleno século XXI, ainda haja desigualdade salarial entre géneros nesta empresa", frisou Vítor Martins.
Bruno Simões, trabalhador com mais de 30 anos de casa, referiu que o ordenado que aufere "mal é superior ao de quem acabou de entrar".
Este trabalhador apontou ainda o desgaste do trabalho por turnos e defendeu a redução da idade da reforma para quem está nessas funções.
De acordo com o sindicato, a adesão à greve tem sido significativa, embora não total.
"Nem todos aderiram, mas a mobilização é muito boa", indicou Vítor Martins, acrescentando que já estão marcadas novas greves para os próximos meses.
A greve contou ainda com a presença da coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que frisou a necessidade de "dar resposta a estes trabalhadores".
"A família que gere a Sumol Compal está na lista das 50 mais ricas do país. E, ainda assim, os trabalhadores desta empresa têm um salário baixo que está muito próximo do salário mínimo e não conseguem aumentos salariais (...) É preciso dar resposta a estes trabalhadores", referiu.
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