Num relatório desenvolvido pelo Medialab e pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), consta que a informação divulgada pelo Governo criou um "vácuo informativo explorado por conteúdos virais" cujo impacto foi "ampliado por erros mediáticos".
O documento aponta também a contradição entre declarações de membros do Governo, designadamente, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, que refletiram "respostas iniciais distintas no âmbito da comunicação do Governo e num muito curto espaço de tempo".
O ministro da Presidência foi o primeiro membro do Governo a pronunciar-se ao ter anunciado a criação de um grupo de trabalho para a resolver a situação, para além de ter garantido que a origem do problema se encontrava fora de Portugal.
Pouco tempo depois, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial disse na RTP3 que existia a possibilidade de um ciberataque estar na origem do apagão e mencionou também que o fenómeno estaria a afetar outros países.
Os investigadores consideraram que a declaração de Leitão Amaro refletiu "uma postura de contenção e prudência comunicacional", numa tentativa de evitar "especulações quanto à origem do incidente".
Por outro lado, a declaração de Castro Almeida introduziu "uma hipótese não confirmada de um ciberataque com alcance europeu", o que contribuiu para "a amplificação das incertezas e do alimentar de interpretações especulativas no espaço público e mediático".
No dia 28 de abril foram publicadas 25 notícias em órgãos de comunicação social sobre as declarações do ministro da Coesão e 18 artigos com as declarações do ministro da Presidência.
Segundo o relatório, ao nível do Facebook a notícia que coloca a hipótese do ciberataque obteve três vezes mais interações do que a notícia que de que o Governo estava a acompanhar o caso e que sobre a origem apenas dizia que a mesma estaria fora de Portugal.
O mini relatório MediaLab/CNE "Desinformação sobre o apagão nas redes sociais e impacto na campanha" analisa o período entre 28 de abril e 04 de maio e foi elaborado pelos investigadores Gustavo Cardoso, José Moreno, Inês Narciso e Paulo Couraceiro.
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