João César das Neves dedica a sua coluna desta segunda-feira no Diário de Notícias ao colapso do Grupo Espírito Santo (GES), relembrando a queda política do grupo em 1975 e a sua ressurreição 11 anos depois. Mas sublinhando uma diferença.
“Nos anos setenta a família, apesar de expropriada, reteve algo decisivo, o prestígio e a credibilidade, aliás pivot da futura recuperação. A longa tradição banqueira (…) permitiu manter contactos e fazer parcerias. Assim sobreviveu ao exílio e, a partir de 1986, começou a recuperação do que seria um lugar central na economia portuguesa”, começa por explicar o colunista.
O antigo assessor económico de Cavaco Silva sublinha, no entanto, que a tradição e o bom nome da família é precisamente o “valor abstrato que está agora em xeque”.
“A queda, desta vez, não se deveu à agressão política mas à falha de competência e carácter. A cadeia será mais pesada. O Grupo até pode ressurgir; não o nome. Essa marca pessoal está indelevelmente ligada ao maior escândalo financeiro português”, ratifica.
O economista adianta, ainda, que “o futuro grupo, se existir, dificilmente será Espírito Santo”.