Economias asiáticas em desenvolvimento devem crescer 4,6% em 2024
A recuperação do comércio vai permitir que os países em desenvolvimento da Ásia -Pacífico, exceto a China, cresçam 4,6% este ano, afirmou hoje o Banco Mundial num relatório económico.
© Getty Images
Economia Banco Mundial
A Ásia em desenvolvimento inclui China, Mongólia, Timor-Leste e os 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático.
Embora as exportações regionais de bens tenham começado a recuperar no segundo semestre de 2023, a região da Ásia em desenvolvimento pode estar exposta a políticas de distorção do comércio nos principais mercados de destino, como os Estados Unidos, China, Japão e Coreia do Sul, alertou o relatório.
Estas políticas podem acabar por favorecer as empresas daqueles países, em detrimento das suas congéneres asiáticas. Quase 3.000 dessas políticas entraram em vigor em 2023, três vezes o número de 2019, de acordo com o banco.
Em meio ao enfraquecimento do setor imobiliário e do consumo interno na China, as tentativas de reequilibrar o investimento de infraestrutura e imobiliário para o setor transformador avançado podem criar um desequilíbrio entre a capacidade de produção e a procura dentro e fora da China, alertou o banco.
Os sinais de excesso de oferta, sobretudo no setor dos veículos elétricos, começaram a alastrar a países vizinhos como a Tailândia.
"Poderemos assistir ao mesmo fenómeno da queda dos preços dos painéis solares", afirmou Aaditya Mattoo, economista-chefe do Banco Mundial para a região Ásia -Pacífico. "Certamente que estas exportações subsidiadas vão enfrentar a competição. A capacidade do mundo para absorver um choque da China é menor do que no passado", disse.
"Ironicamente, os subsídios industriais para a produção ecológica são a forma mais próxima de compensar outros países em desenvolvimento por emissões para as quais não contribuíram", acrescentou Mattoo.
Com menos turistas chineses do que o esperado, as chegadas de estrangeiros às economias asiáticas dependentes do turismo atingiram um patamar abaixo dos níveis anteriores à pandemia.
O crescimento da produção industrial da Ásia em desenvolvimento deve diminuir meio ponto percentual se os EUA registarem um ressurgimento inesperado da inflação e taxas de juro mais elevadas. Os choques macroeconómicos na China podem provocar um declínio de 0,3%.
O relatório advertiu que cada aumento de 10 pontos percentuais no rácio da dívida privada em relação ao PIB produziria um declínio de 1,1% no investimento. A dívida das empresas na China e no Vietname aumentou para mais de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2010.
O investimento privado em percentagem do PIB continua a ser inferior ao nível anterior à pandemia, uma situação recentemente remediada pelo investimento público, que foi mais elevado nos últimos dois anos no Vietname e nas Filipinas, mas mais baixo na China, Malásia e Tailândia.
Com o enfraquecimento do investimento privado, o crescimento vai ter de ser impulsionado pela produtividade. Mas o banco concluiu que a concorrência e a inovação das empresas privadas são prejudicadas pela proteção e por competências inadequadas.
A eliminação dos obstáculos à concorrência, a melhoria das infraestruturas e a reforma do ensino permitiriam colmatar o fosso crescente de produtividade entre as empresas privadas na Ásia e os concorrentes não regionais, recomendou o Banco Mundial.
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