"Eu, no fundo, no fundo, tinha uma fé de que não fossem nove semanas, o que era muito, até ao fim do ano. E assim é bastante menos de nove semanas", congratulou-se Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas na Universidade de Toronto, durante a sua visita oficial ao Canadá.
A administração da fábrica de automóveis Volkswagen Autoeuropa em Palmela, no distrito de Setúbal, comunicou hoje aos seus trabalhadores que irá retomar a produção no início de outubro, depois de ter garantido o fornecimento de uma peça fundamental junto de uma empresa espanhola e de outra chinesa, numa nota interna a que a agência Lusa teve acesso.
Interrogado sobre esta notícia, o chefe de Estado respondeu que "já esperava isso", até porque, "por mero acaso, na Festa do Livro [no Palácio de Belém], há duas semanas, estava lá um dos responsáveis da Autoeuropa a comprar livros para os filhos", com quem conversou.
"E ele disse-me que estavam a fazer um esforço, que ia ter sucesso com certeza, para abreviar as nove semanas que estavam pensadas, mas eu fiquei na dúvida, não fosse ser otimismo excessivo", referiu o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "o Governo também estava a trabalhar nisso" e que por isso, "no fundo, no fundo, tinha uma fé de que não fossem nove semanas".
Na nota interna dirigida aos trabalhadores, a administração da Autoeuropa informou que já encontrou outros fornecedores para a peça em falta, "fundamental na construção dos motores que equipam o T-Roc -- entre outros modelos do Grupo Volkswagen", que tinha levado ao anúncio de uma paragem na produção de 11 de setembro até 12 de novembro.
A fábrica "retomará a produção no início do mês de outubro" e "os trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa que se encontram em 'lay-off' serão informados o mais brevemente possível sobre a data exata do seu regresso à atividade", adiantou a administração da Autoeuropa.
A paragem de produção de nove semanas anunciada pela Autoeuropa deveu-se às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia que foi fortemente afetado pelas cheias naquele país no início passado mês de agosto, mas a empresa declarou desde o início que estava à procura de alternativas para retomar a produção o mais brevemente possível.
À saída da Universidade de Toronto, o Presidente da República voltou a ser questionado sobre as medidas a adotar pelo Governo para travar os custos com a habitação e reiterou que está certo de que "o Governo fará o que pode para encontrar uma solução" e de que irá anunciar medidas "que irão mitigar" as consequências da política do Banco Central Europeu (BCE) em matéria de taxas de juro.
O chefe de Estado voltou a qualificar a linha seguida pelo BCE como "uma dor de cabeça de todos os governos", incluindo o português, "e uma grande dor de cabeça dos portugueses que têm empréstimos bancários para a habitação -- que é um milhão e 200 mil, é muita gente".
Interrogado sobre a nova moção de censura do Chega ao Governo do PS e sobre o que espera da sessão legislativa que agora começou, Marcelo Rebelo de Sousa recusou intrometer-se na esfera da Assembleia da República e disse apenas que na sua opinião o parlamento português "tem funcionado democraticamente bem".
Na universidade de Toronto, o chefe de Estado teve um encontro com alunos e professores de português, durante o qual defendeu que "aprender a língua portuguesa é agora mais do que um exercício e uma curiosidade intelectual, é um investimento seguro para o desenvolvimento pessoal e profissional".
No fim desta sessão, foram assinados entre o Instituto Camões e a Universidade de Toronto uma Adenda de Renovação do Protocolo de Cooperação e um Protocolo de Utilização do Espaço para o Centro de Língua Portuguesa na Universidade e de Toronto.
[Notícia atualizada às 00h04]
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